Na Argentina, crise de abastecimento aumenta e já faltam até fósforos
Os produtos de primeira necessidade estão sumindo das prateleiras na Argentina. “O desabastecimento está se estendendo a uma quantidade de produtos maior do que antes”, disse Osvaldo Cornide, presidente da Câmara de Atividades Mercantis Empresariais, que reúne pequenas e médias empresas. Desde que o presidente Eduardo Duhalde desvalorizou o peso no início de janeiro, em uma tentativa de reativar a economia, alguns produtos importados sumiram em razão do temor dos comerciantes de não poder repor a mercadoria.
Prateleiras – Nos últimos dias, ampliou-se a base de produtos que desapareceram das prateleiras, muitos de fabricação local. “No fim de semana, o que se viu foi um forte desabastecimento de produtos de limpeza, biscoitos e até fósforos”, disse Rubén Manusovich, presidente da Fedecamaras, que reúne os comerciantes do país. “Acredito que isto está vinculado ao fato de os provedores não saberem que preços praticar, porque ninguém quer perder. Então não os colocam à venda”, disse. Entre janeiro e março, os preços ao consumidor aumentaram 9,7%. Os preços “continuam subindo, mas não sabemos a razão dos aumentos. E (o reajuste) já se estende a todos setores”, informa Sandra González, presidente da Associação de Defesa dos Consumidores.
Protesto – Ontem foi mais um dia de protestos na Argentina. Dezenas de integrantes do grupo de esquerda Quebracho invadiram o hotel onde se encontram os técnicos da missão do Fundo Monetário Internacional. Os manifestantes ocuparam o hall do hotel, próximo ao centro de Buenos Aires, gritando palavras de ordem como “Fora, FMI” e exibindo cartazes com dizeres como “Pátria ou FMI”. Foi a segunda manifestação contra a presença da missão no país. Pela manhã, um grupo tentou interceptar a comitiva que conduzia o economista indiano Anoop Singh, quando ele saía do aeroporto internacional de Ezeiza.