Ministro quer taxar vendas externas para deter inflação
Os reajustes de preços das matérias-primas para a indústria nacional podem obrigar o governo a adotar um imposto de exportação em setores como o de aço, ferro-gusa, celulose e petroquímica, para favorecer o abastecimento interno, advertiu o ministro do Desenvolvimento, Luis Fernando Furlan, num almoço a portas fechadas com empresários.
“É grande a preocupação do governo em reverter o processo inflacionário que está surgindo; ou paramos a espiral inflacionária ou vamos desmontar o que se conseguiu nesse campo nos últimos nove anos”, disse o ministro.”Se continuarem os aumentos, o cabeleireiro também vai aumentar, o chofer de táxi aumenta, perdemos o bonde da história. E o que pode vir, dependendo da situação, é um imposto de exportação; temos de fazer todo mundo caber no mesmo elevador”.
O Banco Central fará o que for preciso para evitar que a taxa de inflação mude de patamar. Dada a gravidade da situação, ela exige serenidade, firmeza e paciência, diz o diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn. Numa hora em que crescem as críticas ao uso da taxa de juros para conter a inflação e em que o regime de metas é colocado em xeque, o diretor do BC, em entrevista ao Valor, alerta que este “é o momento de levarmos em conta que a política monetária tem de ser firme, que tem custos, e o bônus virá lá na frente”.
Goldfajn afirma que o uso da taxa de juros “não só funcionou como está funcionando” e defendeu o regime de metas de inflação. A inflação, hoje, representa o custo do enorme ajuste nas contas externas de 2002, feito a partir do uso “no limite” da taxa de câmbio. Este ciclo de ajuste só se fecha quando a inflação cair. “Não devemos minimizar o momento a que chegamos”, diz ele.
Claudia Safatle e Sergio Leo