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Mais inadimplentes pagam dívidas

Guarulhos, 18 de fevereiro de 2003

O número de consumidores inadimplentes que quitaram seus débitos junto à Associação Comercial de São Paulo aumentou 38,4% na primeira quinzena de fevereiro, em relação a igual período de 2002. No mesmo intervalo, os registros recebidos (de novos inadimplentes) subiram 6,5%, o que fez a inadimplência se manter praticamente estável.

Segundo o economista Emilio Alfieri, da Associação Comercial, o resultado é positivo e mostra que o consumidor mudou. “A impressão que temos é de que as pessoas estão mais preocupadas em pagar suas dívidas”, diz. Segundo ele, esse comportamento tem duas causas principais: o pagamento da correção do FGTS e também as incertezas internas e externas, que leva os consumidores a buscarem “resolver suas pendências”.

Para Alfieri, “as lojas também estão mais preocupadas em receber”. “As vendas estão fracas, então o comerciante quer garantir que vai receber aquilo que vendeu”. Por isso, conta, alguns varejistas estão fazendo campanhas de reabilitação de crédito, o que contribui para reduzir a inadimplência.

Vendas – Segundo o economista, a cautela dos consumidores e das lojas vem se refletindo nas vendas no crediário. O número de consultas feitas Serviço Central de Proteção ao Crédito, SCPC, que funciona como um indicador dos negócios a prazo, caiu 1,4% nos primeiros 16 dias de fevereiro, frente ao mesmo período do ano passado. Para Alfieri, o cenário pode piorar dependendo da decisão do Comitê de Política Monetária, Copom, sobre a taxa básica de juros da economia, a Selic, que será anunciada na quarta, 19,. “Um novo aumento da Selic deve piorar ainda mais o resultado das vendas a prazo e pode também fazer a inadimplência subir”.

Apesar dos reflexos negativos que deve trazer ao comércio, Alfieri dá como certa a elevação da Selic, que está em 15,5% ao ano. “Um novo aumento parece ser consenso no mercado. A dúvida é apenas o porcentual”, declarou. O economista reiterou que a Associação Comercial condena a alta dos juros e defendeu o aumento do superávit primário como medida mais eficaz para conter a inflação. “O aumento dos juros é um remédio temporário, um analgésico para a inflação. O superávit primário é o antibiótico, que age diretamente na causa e, por isso, é mais eficaz”. As vendas a vista, porém, aumentaram nos primeiros 16 dias deste mês. O número de consultas ao UseCheque, serviço da Associação que sinaliza os negócios a vista, cresceu 13,1%.

Segundo Alfieri, esse crescimento se deve a uma promoção feita pela entidade junto a grande associados e também ao Carnaval – no ano passado, o Carnaval caiu na primeira quinzena de fevereiro, o que prejudicou as vendas do período. “Esse resultado está um pouco distorcido por esses fatores. teremos um quadro mais preciso quando fizermos o desempenho do trimestre”, explicou ele.

Giuliana Napolitano