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Lojas fisgam clientes com músicas

Guarulhos, 25 de julho de 2007

O que têm em comum o hotel Emiliano, a Tok&Stok, as grifes de design de móveis Artefacto e Breton Actual, os restaurantes Azaït e Boo, a empresa de painéis de madeira Masisa e o Museu de Arte Moderna de São Paulo? Todos já lançaram – pelo menos um – CD com trilha sonora própria. A tendência de traduzir em música o conceito da empresa é uma febre que não passa. Alguns CDs fizeram tanto sucesso que se esgotaram rapidamente, como os primeiros dois volumes do Café MAMSP, do Museu de Arte Moderna de São Paulo

O museu tem mais dois CDs, o “Black Tie Lounge” e o “2080, Geração Rock 80”. O primeiro traz 11 músicas interpretadas por artistas brasileiros e internacionais. O destaque fica para a faixa de abertura: o Hino Spamtriótico, cuja letra foi escrita por membros da Sociedade Pró-Arte Moderna (Spam). Custa R$ 31,80.
O segundo CD (R$ 16) tem 13 hits radiofônicos da década de 1980. Quem não se lembra de “Você não soube me amar”, da Blitz, “Óculos”, dos Paralamas do Sucesso, “Fullgás”, de Marina Lima, ou “Menina Veneno”, do cantor Ritchie? Verdadeiros clássicos da época. Os dois CDs são encontrados em lojas de música pelo Brasil e no Shopmam, loja do museu no Parque do Ibirapuera e nos shoppings Villa-Lobos e Iguatemi, em São Paulo.

Bar de hotel

O hotel Emiliano também já lançou quatro CDs, com tiragem superior a 10 mil unidades. Produzidos pelo DJ Tony Montana, responsável pelo som do bar do Emiliano, os CDs trazem as músicas preferidas dos hospedes e habitués do local. Em “Emiliano 4”, por exemplo, o compositor e cantor Seu Jorge abre o álbum com “Bola de Meia”, seguido pela sofisticação sonora de Nina Simone cantando “Dont let me be misunderstood”.

Já “Emiliano 2” possui clássicos como “Summertime”, de George Gershwin, e “As rosas não falam”, de Cartola, entre outras músicas famosas, com batida eletrônica. Cada CD custa R$ 35 e é vendido em livrarias, lojas de música e sites na internet, além do hotel.
“Temos que conquistar o cliente pelas sensações”, diz Wair de Paula, diretor de Estilo da Artefacto. O CD da marca tem músicas exclusivas, compostas pelo DJ carioca Tony Lounge, e integra um projeto especial que celebra os 60 anos da empresa em 2007. “As músicas são basicamente instrumentais.”

Foram lançados 50 mil CDs, distribuídos a clientes, tanto no País quanto nas quatro lojas da Artefacto nos Estados Unidos. Segundo o diretor, os norte-americanos adoraram. “Foi divertido fazer o CD. Agora que temos o know-how, vamos lançar outros álbuns”, afirma de Paula.

A rede de lojas Tok&Stok fez de uma só vez dois CDs, com tiragem de quatro mil unidades cada título. O “Urban Fusion”, segundo o gerente de Tendências, Ademir Bueno, é mais moderno, com músicas nos estilos lounge e eletrônico. O outro, “Brasil Bossa”, tem elementos brasileiros com um toque moderno. Para Bueno, a música seria uma extensão dos ambientes propostos pela Tok&Stok. Os CDs são vendidos por R$ 22.

O dono do Azaït, Isaac Azar, não apenas lançou uma trilha sonora com a cara do seu restaurante de cozinha mediterrânea como também produziu todas as 13 faixas e compôs (e cantou) duas das músicas. O CD é uma coletânea de músicas étnicas de países da região. Uma das canções é uma homenagem à história do azeite, produto vendido numa butique dentro do restaurante. “O CD reflete o espírito da casa”, afirma. “Azaït Café – Mediterranean Dreams” é vendido por R$ 25 nos dois endereços da casa (a segunda unidade é a Paris 6) e nas lojas Banana Music.

Personal DJ

Por trás de alguns dos CDs, como o da Breton Actual, está o DJ e “music consultant” Carlos Humberto Porciúncula, o Carlão, que se especializou em “programação comercial indoor”. Para a grife de decoração Breton, ele reuniu uma compilação de 1,5 mil músicas e escolheu 15 para o CD. A trilha é executada em todas as lojas da rede. Do jazz ao pop, a seleção traz nomes de peso, como Buena Vista Social Club e Burt Bacharach.

“Criei o conceito de vender produto com música. Aliás, eu vendo o que você quiser com música”, diz Carlão, que já fez trabalhos para Bradesco, Daslu, Hugo Boss e restaurante Arábia. “Para o paisagista Gilberto Elkis, fiz uma trilha francesa contemporânea inspirada nos jardins do Castelo de Versalhes, da França.”