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IPCA registra a 1ª deflação desde 1998

Guarulhos, 10 de julho de 2003

O caminho para uma queda expressiva na taxa básica de juros a partir deste mês foi aberto nesta terça-feira (09), com a divulgação da primeira deflação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrada desde novembro de 1998 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A deflação foi provocada especialmente pela safra agrícola recorde, a queda nos preços dos combustíveis e a retração na demanda de consumo.

O IPCA, referência para a meta de inflação do governo, veio coroar uma sucessão de índices de preços que apresentaram deflações históricas nos últimos 15 dias. O resultado do IBGE era esperado como sinal definitivo para a queda nos juros, que alguns analistas já chegam a estimar em dois pontos percentuais na próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), que será realizada nos dias 22 e 23 de julho.

O IPCA acumulou no primeiro semestre alta de 6,64% e, em 12 meses até junho, de 16,57%. Eulina disse que os efeitos do choque cambial do ano passado sobre a inflação foram “praticamente esgotados”. Além disso, um exemplo do efeito da queda do consumo sobre os preços, segundo ela, é a redução registrada nos aparelhos televisores (-2,71%).

Por outro lado, a safra agrícola prevista de 118 milhões de toneladas, 22% superior ao ano passado, e a “queda consistente” do dólar ao longo deste ano provocaram a primeira deflação no preço dos produtos alimentícios (-0,34%) desde maio de 2002.

A gasolina foi a principal responsável para a deflação de junho no IPCA, com contribuição de -0,22 ponto percentual para a taxa. Outro combustível, o álcool, registrou queda de 12,14% nos preços, também gerando impacto significativo, de -0,15 ponto. O grupo de produtos alimentícios completa as principais influências de baixa, com destaque para tomate (-25%), cebola (-21%), cenoura (-16,01%) e açúcar cristal (-10,95%).

INPC – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também divulgado pelo IBGE, registrou em junho deflação de 0,06%, a primeira variação negativa desde maio de 2000. A queda nos preços foi menor do que a do IPCA por causa do menor peso da gasolina – principal contribuição de queda do IPCA -sobre a inflação medida para as camadas de renda mais baixa da população.