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Indústria moveleira dribla crise

Guarulhos, 13 de agosto de 2007

A despeito do dólar desvalorizado, da alta generalizada no preço de insumos e matéria-prima, os fabricantes brasileiros de móveis continuam ganhando mercado

No primeiro semestre deste ano, as exportações do setor cresceram 4,29% sobre o mesmo período do ano passado, totalizando US$ 458,486 milhões. Para José Luiz Fernandez, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), além de contratos antigos, a inserção de novas empresas do setor moveleiro no mercado externo colaborou para o resultado positivo no primeiro semestre. “Essas empresas conseguiram melhores preços, pois tiveram espaço para atualizar as tabelas”, diz Fernandez.

Conscientes de que o governo não adotará medidas que mexam com o câmbio, os empresários têm apostado na qualificação da mão-de-obra e do design, adotado medidas para melhorar a produtividade e até diminuído a margem de lucro para manter os clientes externos conquistados. “Fora isso, o mercado interno está bastante aquecido, o que dá fôlego novo aos empresários do setor”, afirma o presidente da Abimóvel.

Móveis econômicos – Estados Unidos e França são os dois principais compradores de mobiliário brasileiro. Segundo Fernandez, a preferência dos importadores desses países é por modelos econômicos. Embora o mercado norte-americano seja o principal alvo, os empresários também estão de olho no Oriente Médio e em países das Américas do Sul e Central, onde a demanda está aquecida.

É para essas localidades, junto com África, que a Manbel Móveis destina 70% de suas exportações, que alcançam 40% do total da produção de racks, estantes e dormitórios. A empresa, de Lagoa Vermelha (RS), atende ao mercado externo há nove anos. Depois de crescer 23% nas exportações em 2006, por conta da desvalorização do dólar no primeiro semestre deste ano, a Manbel teve uma queda de 30% no volume exportado. “A partir de julho, entretanto, essa situação começou a mudar e já estamos recuperando o nível de vendas. Como não conseguimos repassar preços aos compradores antigos, nossa estratégia foi buscar novos mercados”, afirma Itamar J. da Silva, gerente de vendas da Manbel.

Segundo Silva, para se manter competitiva, foi preciso “olhar para o próprio umbigo”. Isso significa reduzir custos e investimentos em tecnologia para ganhar produtividade. A economia vem também da matéria-prima utilizada – chapas de MDF (média densidade fibrosa) – importada da Argentina e Chile em sistema de drawback, que é a suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto exportado.

Ajuda – Silva também está otimista com o resultado da Rodada de Negócios realizada pela Abimóvel em parceria com a Agência de Promoção às Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), durante a 25ª Feira Internacional da Indústria Moveleira (Fenavem), realizada na última semana em São Paulo.

O encontro faz parte do projeto Brazilian Furniture, que tem por objetivo promover as exportações do móvel brasileiro. A rodada reuniu 90 empresários brasileiros com 21 compradores de 18 países. A expectativa dos participantes é a de que os resultados superem os números da edição passada, que efetuou cerca de US$ 10,5 milhões em negócios com compradores estrangeiros.