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Inadimplência pronta para cair

Guarulhos, 17 de setembro de 2012

A convergência entre o crescimento do crédito e da massa salarial, assim como a queda da taxa de juros (Selic) aliada à dilatação de prazos para renegociação – que fez com que o valor das prestações caísse substancialmente –, são alguns dos fatores que vêm impactando esse cenário, na opinião de Marcel Solimeo. A diminuição do ingresso de novos consumidores com acesso ao mercado de crédito – após a entrada de 35 milhões nos últimos cinco anos – também deve colaborar para a queda no índice, disse o economista da ACSP.

De acordo com o levantamento, que se baseou no Indicador de Risco de Crédito da Boa Vista Serviços, olhando apenas o varejo, atrasos acima de 90 dias tiveram acréscimo de 7,7% entre janeiro e julho deste ano. Porém, os de recuperação de crédito aumentaram 16% no período – o que aponta que o indicador deve superar o de inadimplência em 2012, com perspectiva de queda de 7 ,4%, em novembro, em comparação com 7,8% em julho. Para atrasos de 15 a 90 dias, a previsão é de 5,7% em relação a 6,38% no mesmo período.

Outros dados mostram que, do total de 140 milhões de CPFs cadastrados no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), administrado pela Boa Vista Serviços, 73,41% não apresentavam registros negativos no mês de agosto de 2012, ante 26,59% dos negativados. No mesmo período de 2010, esses totais eram de 70,16% e 29,84%, respectivamente. “Apesar do aumento da inadimplência em 2012 (que chegou a 8% só para pessoa física, em maio), o índice ficou abaixo do pico (da crise) de 2009”, frisou Solimeo.

Características – O levantamento mostrou também que o desemprego co ntinuou a ser a principal causa da inadimplência no mês de junho deste ano (32,3%), seguido por descontrole financeiro (29,8%) e cobrança indevida (10,5%), entre outras. Já cartões de crédito, carnês/boletos e empréstimos pessoais foram os principais meios de pagamento que geraram dívidas, com altas de 41%, 29% e 21%, respectivamente.

Quanto aos gastos, o desembolso com alimentação ficou em primeiro lugar, com avanço de 25,6% – o que mostra que o cartão foi usado para comprar itens do qual o consumo é necessário, ou seja, como complementação de renda, de acordo com Solimeo –, seguido por vestuário e calçados (23,1%), e por imóveis, eletrodomésticos e eletroeletrônico s (21,9%).

Perfil – Em relação ao perfil dos inadimplentes, o estudo mostra qu e 63% deles são do sexo masculino, sendo que 33% têm idade entre 36 e 45 anos. Quanto aos rendimentos, 60% têm renda pessoal de até três salários mínimos. Outros 56% declararam renda familiar entre três e dez mínimos. Do total de analisados, 45% são casados e 33% são solteiros. Já 52% possuem segundo grau completo.

Ao contrário do que se imagina, na opinião de Solimeo, a inadimplência não é maior nas classes mais baixas. “Pelo contrário: dá para perceber que ela é bastante democrática. Se as classes baixas aparecem mais, é porque são as que mais recorrem ao crédito”, explicou o economista.