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Imposto na Copa do Mundo

Guarulhos, 06 de junho de 2006

Os namorados Fernando e Vanessa se beijam no Shopping Interlagos: preço é o que menos conta na hora de agradar a pessoa amada

Difícil dizer se foi a Copa do Mundo ou o Dia dos Namorados o motivo do paulistano comparecer em peso aos principais centros comerciais de São Paulo no último final de semana. O mais acertado talvez seja que a “culpa” recaiu sobre os dois, afinal, na criatividade dos lojistas, Copa e Namorados se fundiram, lotando as vitrines de corações em verde e amarelo, bichos de pelúcia uniformizados como a seleção e vestuário com detalhes da bandeira nacional.

Se daqui para frente o romantismo e a paixão pelo futebol continuarem ditando ritmo nas ruas, quem vai comemorar também são os comerciantes que, na previsão do economista Emílio Alfieri, do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), poderão experimentar crescimento de 10% nas vendas neste Dia dos Namorados sobre igual data do ano passado.

No último sábado, a já normalmente abarrotada Rua 25 de Março foi tomada por uma multidão ainda maior que a habitual. O empurra-empurra passou para as lojas, que nem se tivessem o dobro de caixas impediriam que filas de clientes se formassem. Na Armarinhos Fernando, o sub-gerente Alessandro Oliveira estimava, por volta das 14h, já terem passado 3 mil pessoas pelos caixas. Junto de cartões e bichos de pelúcia, cornetas e buzinas para comemorar os gols da seleção eram os itens que mais saíam.

Em meio à confusão da rua, o casal de técnicos em radiologia Adriano e Elaine Martins buscava um lugar para comprar presentes para um para o outro. Ele procurava por uma bolsa para ela que, por sua vez, queria surpreender o marido e não revelou o presente.

Crescimento – Segundo a secretária-geral da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco), Cláudia Urias, nas últimas semanas houve aumento de 10% nas vendas, impulsionado pelo futebol e pelo amor. “Aqui há inúmeras alternativas para quem quer comprar roupas e acessórios para a Copa”, disse.

Já Solange Miranda, dona da loja de perfumes Graluf´s, do Shopping Porto Geral, na região da 25 de Março, acredita que poderá ter crescimento de até 30% nas vendas até o Dia dos Namorados. “Muita gente de outros estados vem se abastecer de produtos ligados à Copa e acaba comprando para os namorados. Tanto no atacado como no varejo, as vendas estão melhores este ano”, revelou.

Shoppings – Os shoppings também têm lotado. Nos corredores do Interlagos, a estimativa é de que tenham passado 220 mil pessoas entre sábado e domingo. Em fins de semana normais, o local recebe público 10% menor. Mas um ingrediente extra, além da Copa e Namorados, tem aquecido as vendas, segundo Mônica Raquel Mune, gerente da loja de moda jovem Handbook do Interlagos, que espera crescer 5% nas vendas. “O frio tem colaborado com quem trabalha com vestuário. Nossas jaquetas estão saindo mais que qualquer outro produto”, disse.

O mesmo é sentido por Vera Lúcia Daniel Dominguez, dona da loja de moda feminina Vera Daniel, no Central Plaza Shopping. “Se o frio permanecer como no Dia das Mães, arrisco dizer que as vendas vão aumentar 10%”, revelou.

Esta, segundo o economista Alfieri, será a característica dos presentes deste Dia dos Namorados. Para ele, embora a venda de televisores tenha aumentado consideravelmente por conta da Copa do Mundo, os presentes de menor valor são as vedetes do momento. “Além das flores, que sempre têm uma boa saída, roupas e calçados, perfumaria e cosméticos, bijuterias e jóias, livros, CDs e DVDs, e alguns eletroportáteis, como secadores de cabelo, por exemplo, estarão na mira dos consumidores e terão maior demanda”, avaliou.

Olhadinha – Mas como a lógica do amor nem sempre leva em conta os cálculos dos economistas, nas ruas e corredores de shoppings, os casais diziam que o preço é o que menos importa na hora de presentear. “O preço é o de menos. É aquela olhadinha de canto de olho para a vitrine que entrega o que o outro quer ganhar”, contou Vanessa Lima, acompanhada no Interlagos pelo namorado, Fernando Teixeira.

Quando o olhar de “compra pra mim” não resolve, o jeito é apelar para a experiência. “Já sei mais ou menos o gosto dela. Sei que, se der uma bolsa ou uma bota, vou agradar”, disse Maurício Ricardo de Nóbrega, que andava no Interlagos junto da namorada, Janaina Oliveira.

Expectativa – Para Nabil Sahyoun, presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), a coincidência das datas promete um crescimento de 5% nas vendas do varejo de shopping em geral, em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é de que os corredores dos estabelecimentos registrem um fluxo de público em média 8% maior que o de 2005.

Veja abaixo a lista de produtos:

Camisa/calção – 35,33%
Bandeira – 37,40%
Apito – 35,68%
Cerveja – 56%
Televisor 29 polegadas – 38,34%
Amendoim – 37,74%
Refrigerante – 45,11%
Bola – 47,69%