Guerra em Israel explode no nosso bolso
O preço da gasolina pode subir mais de 17% nos próximos dias. O motivo é o aumento do preço do barril de petróleo no mercado externo por causa da crise no Oriente Médio. Para os consumidores brasileiros, o reflexo da guerra não declarada entre israelenses e palestinos aparece no valor cobrado pela gasolina – desde janeiro, quando foi finalizada a abertura do mercado no País, o preço dos derivados de petróleo aqui estão atrelados ao que é praticado no mercado internacional. Ou seja, por causa das altas registradas nas últimas semanas no barril, o brasileiro pode esperar por reajuste na gasolina nos próximos dias.
Analistas estão esperando a Petrobrás divulgar os critérios que serão usados para a fixação do preço da gasolina no País. Na semana passada, a empresa anunciou as contas feitas no cálculo do diesel – a cada 15 dias, o preço desse combustível será modificado, de acordo com a variação do mercado externo. A expectativa é de que uma fórmula semelhante seja adotada no caso da gasolina.
De acordo com a economista Fabiana Fantoni, da Tendências Consultoria, se a Petrobrás usar a mesma fórmula do diesel, o próximo reajuste deverá ser de, no mínimo, 17%. Para chegar a esse índice, ela usou a variação do preço em reais do galão da gasolina nos 15 dias anteriores ao último reajuste – que foi anunciado em 12 de março – e nos 15 dias posteriores ao mesmo aumento.
“Se a oscilação dos preços no mercado externo continuar intensa, a melhor alternativa da Petrobrás é fixar um cronograma para poder controlar os valores no País”, opina o consultor Cleomar Parisi, do setor de petróleo do Unibanco.
Nos Estados Unidos alta de 6%
O temor de que os conflitos entre israelenses e palestinos se estendam a outros países do Oriente Médio fez com que o preço do petróleo na bolsa de Nova York chegasse a US$ 27 no pregão de ontem – no Oriente Médio estão localizados dois terços das reservas mundiais do combustível. Nas duas últimas semanas, o preço da gasolina nos Estados Unidos – usado como parâmetro para o valor a ser cobrado nos postos brasileiros – já aumentou 6%.
Dividir o aumento
Outra opção da Petrobrás para o próximo aumento da gasolina é dividi-lo, como aconteceu em março, “De acordo com esse cálculo, se o aumento for anunciado nesta semana, ele será de 5,5%”, afirma Fabiana. Esse índice é resultado da comparação entre a média do preço do barril da gasolina no mercado internacional entre os dias 13 e 27 de março e o preço praticado no dia 12.
A Petrobrás prefere não falar sobre o assunto. Até ontem, a assessoria afirmava que não estava definido um novo reajuste da gasolina e que os critérios para o cálculo dos aumentos deverão ser divulgados “em breve”.
O câmbio não compensa
Para converter o preço do barril de gasolina no mercado internacional, é necessário usar o valor do dólar no Brasil. E, por isso, a redução no preço da moeda americana em relação ao real poderia ser um fator positivo no cálculo. No entanto, essa queda tem pouco impacto no valor final do combustível.
Segundo as contas de Fabiana Fantoni, em 12 de março o dólar valia R$ 2,349.
Ontem, a moeda norte-americana fechou a R$ 2,304 – uma diferença de aproximadamente 2%. “A variação do câmbio foi muito pequena em relação à forte tendência de alta do petróleo.”
O preço do barril de petróleo no mercado externo era de US$ 23,2 no dia 12 e alcançou US$ 25,6 no dia 27 – alta de 10%. No mesmo período, o galão de gasolina para exportação subiu 7,2%, de US$ 0,706 para US$ 0,757. “Antes mesmo da intensificação dos combates nesse feriado, o combustível estava subindo. Agora, não dá para fugir dos aumentos”, finaliza a economista.
LUCIANE SCARAZZATI