Empresas são o novo foco da Bovespa
Depois de aproximar o mercado de capitais do investidor comum com seu programa de popularização, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) quer aproveitar o contínuo aumento do volume de negócios na bolsa nos últimos oito meses – apenas em agosto entrou quase R$ 1 bilhão de investimentos estrangeiros – para atrair novas empresas para dentro da casa. Aquelas que não têm capital aberto – com ações negociadas em bolsa – são, a partir de agora, o novo foco da Bolsa paulista.
Segundo Raymundo Magliano Filho, presidente da Bovespa, a idéia do novo foco de atuação que a Bovespa adotará, e que ele chama de um segundo esforço para desenvolver o mercado acionário (o primeiro foi o programa de popularização), é mostrar às empresas as vantagens do mercado de capitais como uma alternativa para se capitalizar a um custo muito reduzido.
“É preciso divulgar mais o mercado de capitais junto às empresas e faremos isso indo até elas, da mesma forma que fizemos com o programa de popularização, disse Magliano em entrevista ao Diário do Comércio.
Apoio de peso – Nessa nova empreitada, a maior bolsa da América Latina ganhou um aliado peso-pesado: o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Na quinta-feira (04), durante discurso que fez na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, realizada em Brasília, Antônio Palocci, ao lado do presidente Lula, falou sobre a prioridade que o governo dará ao desenvolvimento do mercado de capitais. Disse, ainda, considerar fundamental que as empresas se capitalizem via lançamento de ações na bolsa. Especialmente em um momento em que o crédito está caro e escasso. O governo estuda um plano de ação voltado para o mercado acionário brasileiro.
Raymundo Magliano ganhou, assim, mais um motivo para comemorar, além do aumento do volume de investimentos. “É a primeira vez que o ministro da Fazenda releva em público o mercado de capitais como uma das prioridades do atual governo”, disse o presidente da Bovespa. E confessa: “Fiquei em estado de graça, porque mostra o reconhecimento da importância que a Bolsa tem para o desenvolvimento do País e para a inclusão social”, completa Magliano.
Comissão – Como parte dessa nova investida da Bovespa está a criação de uma comissão especial para o atendimento exclusivo das empresas que queiram abrir seu capital. “Precisamos ter, no mínimo, mil empresas negociando seus papéis nos pregões da bolsa. Hoje, são apenas 380 com capital aberto”, diz Raymundo Magliano, ressaltando que “o importante é termos volume”.
Por isso, nesta terça-feira (09), a Bovespa desembarcará em Brasília com o Plano Diretor do Mercado de Capitais embaixo do braço. “Queremos levar até o governo tudo o que está sendo proposto pela Bovespa para o fortalecimento do segmento e ao mesmo tempo mostrar como o Plano Diretor se desenvolveu e tudo o que ele pode trazer de bom para o mercado”, diz Magliano
Ao ser questionado sobre a afirmação, feita na semana passada, do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, de que é contrário à utilização de 1% do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) pelo trabalhador na compra de ações, Raymundo Magliano não se mostrou preocupado.
“Isso é muito normal. É a democracia. O importante é que o projeto que prevê o uso do Fundo no mercado acionário será analisado pelo Poder Legislativo”, afirmou.
Roseli Lopes