Empresas já planejam novos reajustes
Diante da expectativa de melhora da economia no último trimestre do ano, cresceu o número de empresas que pretendem reajustar seus preços nos próximos meses. Segundo a pesquisa prévia da “Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 26% das entrevistadas (de um total de 500 empresas sondadas) manifestaram intenção de elevar preços no trimestre, enquanto em julho o índice ficava em torno de 22%.
Na direção contrária, apenas 7% disseram que pretendem reduzir seus preços, ao passo que, na pesquisa anterior, 14% indicavam tal intenção. “Podemos afirmar que esse comportamento é natural, até porque boa parte das indústrias já desovaram seus estoques”, analisou o coordenador de Pesquisas Empresariais do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Aloísio Campelo Jr.
Quando analisaram o quadro atual, 19% das empresas informaram que seus estoques estão com excesso, enquanto 4% entendem que eles estão insuficientes. Em julho, esses números eram, respectivamente, 27% e 2%. Em outubro de 2002, a proporção era de 9% para os estoques com excesso e de 4% para insuficiente.
Confiança – Campelo argumenta que o crescimento dos estoques aconteceu a partir de abril, quando os empresários manifestavam confiança na retomada da atividade econômica já no início do segundo semestre e, por isso, ampliaram sua produção e estocagem. “Em julho, houve desilusão, porque acreditava-se que, em abril, o governo seria mais desenvolvimentista, reduzindo mais os juros”, disse.
Segundo ele, como o pior momento do mercado interno foi entre maio e junho “com inflação, juros altos e aumento de desemprego”, os empresários iniciaram o processo de ajuste de estoques. Ele acredita que há ainda “alguma gordura a ser queimada, o que poderá resultar em estabilidade de preços em alguns setores. Mas outros poderão fazer reajustes”.
Otimismo – A FGV captou também uma melhora do otimismo das indústrias brasileiras para o período de outubro a dezembro deste ano. Segundo a pesquisa, 44% dos entrevistados informaram esperar aumento de demanda nos próximos três meses em comparação aos três anteriores, enquanto 16% dos pesquisados disseram esperar diminuição no número de encomendas.
Na prévia anterior, realizada no início de julho e que trazia projeções para o trimestre julho-setembro, os índices eram de 43% para aumento de demanda e de 18% para diminuição. “Temos mais pessoas dizendo que a demanda aumentará e menos dizendo que diminuirá, confirmando uma reversão de expectativa. O empresariado está otimista”, resumiu o coordenador de Pesquisas Empresariais do Ibre.
A sondagem demonstrou que os empresários apostam em uma continuidade das exportações, a serem complementadas pela melhora do mercado doméstico. Cerca de 30% das empresas estimaram que a procura externa vai aumentar neste último trimestre, enquanto 8% disseram que diminuirá. E 46% apontaram crescimento para o mercado doméstico nos próximos três meses, contra 19% que projetaram redução. “O dinamismo externo vai continuar, mas os empresários estão de olho no mercado interno”, avaliou Campelo Jr.