Notícias

Emprego em pequenas lojas chega a 60% do comércio do País

Guarulhos, 11 de setembro de 2003

As oportunidades de trabalho nas micro e pequenas empresas (com Receita Bruta inferior a R$ 1,5 milhão) de comércio e serviços no Brasil foram responsáveis por 60,8% do total no setor de comércio e serviços em 2001, contra 50,7%, em 1985. Segundo Estudo Especial sobre o setor realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando se avalia o número de pessoas ocupadas, o crescimento mais que dobra, passando de 3,4 milhões em 1985 para 7,3 milhões de pessoas em 2001 (9,7% da População Ocupada), um crescimento de 114,7%.

Segundo o IBGE, os pequenos negócios, formados por quitandas, mercearias, sapatarias, cabeleireiros, bazares, armarinhos etc, vêm ganhando gradativamente mais participação nos setores de comércio e serviços, aumentando significativamente a geração de postos de trabalho e apresentando crescimento da receita operacional líquida.

A receita, que era de R$ 149,6 bilhões em 1985 (19,0% do total), atingiu R$ 168,2 bilhões em 2001 (22,3% do total), enquanto as médias e grandes empresas de comércio e serviços reduziram sua participação nesses 16 anos. O número de micro e pequenas empresas do setor de comércio e serviços, que correspondia a 95,5% do total de empresas deste setor em 1985, chegou a 2001 com 97,6%.

De 1998 a 2001, as micro e pequenas empresas tiveram um crescimento médio real de 2,9% ao ano em termos reais, acompanhando o crescimento das médias e grandes empresas, que foi de 3,0% ao ano nesse mesmo período.

As micro e pequenas empresas apresentaram um expressivo crescimento no volume de pessoas ocupadas (assalariadas e não-assalariadas), passando de 5,5 milhões de pessoas em 1998 para 7,3 milhões em 2001, um aumento acumulado de 32,2%, ou seja, uma média de 9,7% ao ano. Esse resultado foi bem superior à taxa de crescimento encontrada nas médias e grandes empresas, que tiveram um aumento no mesmo período de 9,0%, ou seja, crescimento médio de 2,9% ao ano.

Tomando-se como parâmetro o Quociente de Valor Adicionado (QVA), que indica o valor agregado por empresa à economia por cada real (R$ 1) faturado, as micro e pequenas empresas agregam R$ 0,37 para cada R$ 1 faturado, enquanto as médias e grandes empresas agregam R$ 0,24 para cada R$ 1 faturado.

Alimentação – Tanto no setor de serviços como de comércio, as empresas ligadas a alimentação correspondiam a cerca de um terço do total.

Constituído por bares, lanchonetes, pequenos restaurantes, pastelarias, pizzarias, casas de sucos, sorveterias, etc., no setor de serviços, elas respondem às necessidades básicas da população no fornecimento de refeições durante o dia e de lazer à noite e nos fins de semana. No setor de comércio, elas representam o comércio tradicional, na maioria de balcão, que compreende quitandas, mercearias, empórios, armazéns, minimercados, padarias, açougues, peixarias, sacolões e outros que, segundo a pesquisa, continuam a significar importante atividade comercial, que resiste ao crescimento do comércio de gêneros alimentícios nas grandes lojas de super e hipermercados, sobretudo nas cidades do interior, além de representarem atendimento mais rápido das necessidades básicas da população.

Em 2001, eram 655 mil micro e pequenas empresas atuando no ramo de alimentação, ocupando diretamente 2,1 milhões de pessoas e faturando R$ 37 bilhões, o que eqüivale a dizer que, de cada 100 empresas em operação, 32 atuavam no ramo de alimentação, para cada 100 empregados, 29 trabalhavam nesse ramo e que, para cada R$ 100,00 faturados, R$ 22,00 foram provenientes de atividades ligadas à alimentação.

Os segmentos de produtos alimentícios e de tecidos e artigos de vestuário eram as atividades do comércio varejista com o menor nível de ocupação por empresa, em torno de 2,8 pessoas, as menores médias de remuneração, cerca de 1,3 salários mínimos por pessoa e produtividade de R$ 20 mil por pessoa ocupada.

Destaque no comércio – Entre as empresas de comércio, o destaque é para o “comércio de combustíveis” que, com apenas 1,2% das empresas, respondia por 11,2% do faturamento, representando a maior receita média por empresa do comércio varejista. Essa atividade apresentava também a maior ocupação média por empresa (5,5 pessoas) e a melhor remuneração média (2,2 salários mínimos mensais da época), além da maior produtividade que, em 2001, era 5,3 vezes maior (R$ 137,4 mil por pessoa ocupada) que a apresentada pelo comércio varejista como um todo (R$ 26,4 mil).

Destaque em serviços – Entre as empresas de serviços, o destaque quanto ao faturamento vem das empresas de “serviços prestados às empresas”, representando 27,8% do total. Esses serviços são constituídos, basicamente, por serviços técnico-profissionais, que incluem serviços jurídicos, de contabilidade, auditoria, consultoria empresarial, publicidade e propaganda, serviços técnicos de engenharia e arquitetura, etc. São características desse segmento, a utilização de mão-de-obra qualificada e a elevada receita por empresa, para os padrões das micro e pequenas empresas.

Nessa atividade, as micro e pequenas empresas tinham em 2001, um faturamento líquido médio de R$ 111 mil, enquanto para o total das micro e pequenas empresas, o faturamento líquido médio por empresa era de R$ 82,3 mil.

Empresas familiares – O estudo constatou que, das 2 milhões de micro e pequenas empresas, 1,1 milhão era do tipo empregadora, ou seja, que tinha, pelo menos, uma pessoa na condição de empregado e 926,8 mil familiares, que são aquelas em que trabalham apenas os proprietários, os sócios e ou membros da família.

No comércio de produtos alimentícios, as empresas familiares são maioria (58,9% do total). O segundo maior contingente de empresas familiares está no grupo “comércio de outros produtos”, que inclui a comercialização de livros, revistas, papelarias, artigos de informática etc, onde quase a metade (47,1%) delas é gerida pelo proprietário, sócio ou membro da família. O comércio de combustíveis é o que apresentava a menor proporção de micro e pequenas empresas familiares.

Nas atividades de serviços, os “representantes comerciais” eram o grupo com a maior proporção de empresas familiares (87,3%), seguido pela atividade de informática, com 81,2%. Os serviços de alojamento foram a atividade com a menor participação de empresas familiares (13,3%), sendo, portanto, as mais intensivas em mão-de-obra, com 9,3 pessoas por empresa.

As micro e pequenas empresas familiares assumem papel importante nas famílias, devido tanto ao maior engajamento de seus membros, quanto à sua instalação, na maioria das vezes na residência do proprietário.

Nas familiares, o faturamento por empresa é 30% do faturamento das empregadoras, mas a produtividade das unidades familiares é superior, principalmente nas atividades de serviços, cujo faturamento anual por pessoa era de R$ 22,7 mil, enquanto das empresas empregadoras, era de R$ 15,7 mil.

O objetivo do trabalho é traçar um perfil das 2 milhões de microempresas e empresas de pequeno porte de comércio e serviços em operação no ano de 2001, fornecendo informações sobre a estrutura de produção, a participação nos respectivos mercados, produtividade, faturamento, remuneração da mão-de-obra etc.