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Economista prevê recuperação do comércio só em 2004

Guarulhos, 14 de agosto de 2003

O desempenho do comércio varejista deverá registrar uma reversão a partir do próximo ano. Isso se algumas condições macroeconômicas permitirem. Após os resultados frustrantes registrados este ano, algumas medidas, que devem gerar reflexo sobre o consumo, podem sinalizar a recuperação das vendas.

Na opinião do economista Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo, alguns indicadores sugerem esse quadro. O mais importante deles é a possibilidade de que algumas categorias de trabalhadores, que têm negociação salarial no segundo semestre, consigam obter índices de reajuste que reponham a inflação do período. Essa injeção na renda diante de um cenário de queda na inflação pode significar mais recursos para o consumo.

Simultaneamente, a manutenção do ritmo de queda da taxa de juros básica da economia (Selic), aliada à redução das alíquotas do recolhimento compulsório sobre depósitos bancários, podem estimular os bancos a alterarem as suas taxas para o consumidor final, o que também influencia o crediário. Caso essas condições sejam satisfeitas, o comércio varejista pode, em dezembro, registrar o mesmo movimento de dezembro de 2002, o que não pode ser considerado um fato excepcional, uma vez que o ano passado foi fraco, mas representa uma reação diante do desempenho deste ano.

A reativação do consumo no final deste ano é importante para que, no início do ano que vem, as encomendas à indústria sejam retomadas, a fim de que a economia se reaqueça. “Com isso, 2004 pode ser positivo, mas mesmo assim estará sendo comparado a 2003 que teve um desempenho medíocre”, disse Solimeo.

Bancos

O economista, que participou do Seminário Estratégias para o Varejo Brasileiro, promovido pela Apimec-SP, considera que esse quadro é factível desde que não haja nenhum fator extraordinário na área política ou internacional. Ele destacou ainda que a redução dos spreads bancários – diferença entre taxa de captação de recursos junto a investidores e juros cobrados nos empréstimos – são fundamentais no processo de estímulo ao crédito, mas admitiu que o governo precisaria estudar alternativas para aumentar a concorrência no setor.

Solimeo avalia que a abertura aos bancos estrangeiros no País não cumpriu essa missão. “Os estrangeiros que entraram ou se aproveitaram dessa generosidade ou foram embora”, afirmou. Ele acredita também que há exagero nos índices de inadimplência usados para calcular os spreads, pois quando este indicador cai, não se percebe um reflexo nas taxas finais.

Marcia Furlan