Desconto de duplicata cresce 10%
Os empréstimos com desconto de duplicatas estão na contramão do mercado: o volume cresceu 10% nos primeiros quatro meses deste ano, fechando em R$ 6,18 bilhões em abril.
Além disso, a inadimplência está se reduzindo nessas operações e os juros estão acomodados ” eram de 3,91% ao mês em fevereiro, recuaram para 3,84%, em março, e ficaram nesse nível em abril.
Para os especialistas, essa situação se justifica pela garantia que a duplicata representa.
“Nas operações em que são dados em garantia títulos como duplicatas, cheques ou algum outro tipo de recebíveis o credor consegue visualizar para quem está concedendo crédito, o que reduz o seu risco”, explicou o professor de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA-USP), Ricardo Humberto Rocha.
Segundo o especialista, que também é professor do Ibmec (Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais), na medida em que cresce a restrição às linhas de crédito tradicionais, como o capital de giro, o mercado encontra alternativas para desenvolver novos mecanismos para a obtenção do crédito.
Ele acredita que o crédito atrelado ao fornecimento de garantias de recebíveis tende a crescer, o que inclui operações de vendor e de adiantamento de vendas com cartão de crédito.
Banco confirma
O gerente-executivo da área comercial do Banco do Brasil, Luiz Carlos Silva de Azevedo, confirma essa tendência: “O foco das instituições financeiras está crescendo nas operações de recebíveis”, disse.
Ele afirmou que, nos últimos doze meses, a carteira de recebíveis do banco, a maior do mercado brasileiro, cresceu em todos os meses e em todos os tipos de recebíveis.
“Houve crescimento até no último trimestre do ano passado, apesar da forte retração dos negócios com recebíveis em outros bancos”, afirmou o gerente-executivo do Banco do Brasil.
O aumento registrado, no período, foi maior no desconto de duplicatas.
Para os dois lados
As operações com recebíveis são do agrado dos bancos, que têm maior garantia no recebimento, e das empresas, que conseguem taxas mais competitivas quando comparadas com outras operações que não exigem garantias. “Os recebíveis são o caixa da empresa. Essas operações são mais rápidas”, afirmou.
Sintoma do aumento do volume com desconto de duplicatas, as taxas de juros neste segmento vêm caindo, de uma média de 3,91% praticada em fevereiro para 3,84% em abril.
Para o diretor do BB ainda existe espaço para crescimento das operações com recebíveis. De acordo com ele, um percentual expressivo de empresas ainda não busca investimentos utilizando-se dessa carteira.
95% de micros e pequenas
No Banco do Brasil, em que existe cerca de um milhão de contas pessoas jurídicas, 95% são de micros e pequenas empresas.
O diretor do BB afirmou que o grande número de agências permite ganhar eficiência na carteira de cobrança dos recebíveis.
Ainda de acordo com ele, um grande percentual das 15,6 milhões de contas de pessoas físicas é de clientes dessas empresas que têm operações freqüentes de recebíveis com o banco, o que permite agilidade na cobrança.
O banco tem ainda carteiras segmentadas entre as empresas, o que lhe permite oferecer as operações de recebíveis que podem se adequar melhor às necessidades do cliente.
Valdete de Oliveira