“Desarmamento é a solução”, diz jornalista
Quem acompanha os noticiários sabe que nos últimos 25 anos aumentou sobremaneira a violência armada em nosso país
Estatísticas, levantadas por várias entidades mostram números alarmantes como, por exemplo, a cada 15 minutos uma pessoa é vitimada por arma de fogo. É entre os jovens de 15 a 25 anos que se observa maior incidência de mortes: 38% são cometidas com armas de fogo.
Obviamente, a população acometida pelo medo voraz enfrenta hoje uma situação de insegurança até então nunca vista e clama por uma providência, questionando quais medidas adequadas a serem tomadas para viver tranqüilo nas grandes metrópoles.
Num mundo hoje totalmente globalizado, que para tudo que se olha há algo relacionado à violência, inclusive propagandas de produtos para crianças, fica difícil encontrar uma medida que possa reverter esse quadro assustador.
No Brasil, optou-se pelo desarmamento e um referendo popular, que muitos consideram inócuo e com resultado de efeito contrário. Alegam que os facínoras ficarão em maior vantagem frente a uma população desarmada, e usam erroneamente esse argumento para se convencer a votar pelo Não.
N a verdade, os homicídios que acontecem por armas de fogo, em sua maioria, ocorrem por impulso entre pessoas que se conhecem, e, quase sempre por motivos frívolos. Esses crimes, quando apurados, descobre-se que uma simples e vulgar briga termina em morte por se estar portando uma arma de fogo.
É comum encontrarmos no noticiário pai que matou o filho, esposa que matou o marido, irmão que matou o outro, vizinho que assassinou a mulher por coisas insignificantes como uma bola do filho que caiu em seu quintal. Sem contar que, às vezes, o ladrão entra na casa e mata o morador com a própria arma da vítima. E as crianças têm sido as maiores e potenciais vítimas nesse tipo de acidente.
Não importa se as armas são ou não produzidas no Brasil. Aqui chegam armas de todos os cantos, principalmente, contrabandeadas. O recolhimento de armas, através da Campanha do Desarmamento, que acontece desde Julho 2004, já retirou da população mais de 400 mil armas em todo o país. Só no Estado de São Paulo o número de homicídios caiu 19% e a quantidade de armas em mãos da população decresceu 25%. Diminui também o número de armas roubadas.
Os argumentos para o voto Não são dos mais variados. Um diz que se um governo mais afoito quiser tomar o país não encontrará resistência, pois ninguém estaria de posse de armas. Ora, em 1964, quando os militares tomaram o poder, os que tinham armas não deram um único tiro sequer… Nem pum! Além do mais, o que pode fazer um revólver ou uma espingarda contra a força bélica de um governo ?!…
É sabido, e os dados comprovam, que o controle das armas em circulação e a proibição de sua comercialização poderão salvar milhares de vidas, o que não é difícil de entender e compreender.
E. Figueiredo é jornalista