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Custo do crédito cairia com Selic menor

Guarulhos, 21 de maio de 2003

Se o Banco Central, BC, reduzisse a taxa básica de juros, a Selic, haveria uma queda quase que imediata das taxas de juros pagas por empresas e consumidores pessoa física nos empréstimos feitos em bancos e financeiras.

Uma redução de 0,5 ponto porcentual, por exemplo, faria com que os juros do crédito ao consumidor passassem dos atuais 88,3% ao ano para 87,6% no mesmo período. O impacto direto da redução da Selic no crédito faz parte do estudo da Partner, consultoria especializada em serviços financeiros ao consumidor, divulgado nesta terça-feira (20).

Ainda segundo o estudo, uma redução de três pontos porcentuais até o final do ano seria suficiente para reduzir os juros para 83,9% ao ano. Essa redução representaria para o consumidor uma taxa 4,4 pontos porcentuais menor.

Uma redução maior das taxas de juros cobradas nas operações de crédito poderá ser vista se, junto com a decisão de baixar os juros, o Banco Central anunciar outras medidas de incentivo ao crédito, como o depósito compulsório, por exemplo, opina Álvaro Musa, sócio-diretor da Partner.

“Uma redução no depósito compulsório dos bancos possibilitaria às instituições financeiras diminuir ainda mais as taxas sem perder rentabilidade”, diz Musa.

Maior – O estudo da Partner mostra ainda que as taxas de juros pagas pelos consumidores subiram em ritmo mais forte do que a Selic, considerados períodos idênticos, principalmente as taxas de juros de longo prazo. Os juros cobrados em linhas de financiamento de veículos, por exemplo, tiveram um aumento de 35,5% de abril do ano passado a abril de 2003. A taxa subiu de 37,1% para 50,3% ao ano, segundo dados do Banco Central, embora pesquisa da Partner aponte tendência de queda para esse tipos de financiamento. Segundo a Partner, os juros anuais para esse tipo de empréstimo, em março deste ano, era de 53,5%. Em abril, caiu para para 50,3%.

“O recuo reflete a melhora das expectativas macroeconômicas, abrindo espaço para uma queda na taxa de juros ao consumidor”, diz Musa. As taxas médias mensais dos empréstimos ao consumidor (média apurada entre as taxas de juros cobradas no cheque especial, crédito pessoal, financiamento de veículos e Crédito Direto ao Consumidor, CDC, no entanto, ainda não dão sinais de queda.

Em abril, a taxa média subiu de 87,32% para 88,3% ao ano. O custo foi puxado principalmente pelo aumento dos juros do cheque especial e dos empréstimos pessoais em igual período, que registraram alta de 0,3% e 1,3%, respectivamente.

Redução já seria possível, diz Guilherme Afif

O presidente da Associação Comercial de São Paulo, ACSP, Guilherme Afif Domingos, não acredita que o Comitê de Política Monetária, Copom, do Banco Central, reduza o juro nesta reunião. “O juro alto é a taxa de risco de uma conta mal administrada e retrato do descalabro das contas públicas”, diz Afif, que não vê uma redução no curto prazo.

Apesar de não crer numa redução no curto prazo, Afif diz que, se não houver uma reversão imediata da atual política de juros, as empresas continuarão tendo dificuldades, o que prejudica os trabalhadores, pois afeta a renda e o emprego. Para Afif, a redução seria possível, pois todos os indicadores mostram a inflação cedendo. “A expectativa de empresários do lado real da economia é de uma redução nas taxas para que se possa ao menos salvar o desempenho do segundo semestre”.

Adriana Gavaça