Cresce otimismo no setor de eletroeletrônicos
Os fabricantes de eletroeletrônicos e de microcomputadores recuperaram o otimismo e voltaram a projetar um ano de ganhos, até elevados, em relação ao ano passado, com o ritmo de atividade retomando o crescimento a partir deste final de primeiro trimestre, com o aumento da demanda por parte do consumidor, afirmam os presidentes das entidades que representam esses setores.
O segmento de eletroeletrônicos deverá crescer acima de 7%, o de componentes eletroeletrônicos 20% e o de microcomputadores, 13% sobre o ano passado. A estabilidade da economia, o fim do racionamento e a realização da Copa do Mundo, três fatores que influenciaram a elevação da confiança do consumidor (segundo dados da CNI, a confiança cresceu 1,9% no primeiro trimestre deste ano em relação ao último do ano passado), vão provocar um aumento gradativo da demanda.
E a demanda crescente, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), será a mola propulsora do aumento da atividade industrial neste ano, que deverá ultrapassar os 2,5%. O Indicador do Nível de Atividade (INA) voltou a crescer no mês de fevereiro, quando ficou 0,1% acima do de janeiro, e a previsão é de aumento semelhante em março ante fevereiro.
Paulo Saab, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), adianta que neste ano as empresas do setor vão recuperar os 6,8% perdidos no faturamento do ano passado em relação ao de 2000 e ainda crescer a mais. “Esse a mais é que não se sabe o quanto será. O resto do ano é que vai nos dizer”, afirmou.
Para conseguir este crescimento, Saab conta com a concretização da recuperação iniciada em fevereiro (que teve desempenho 26% superior ao de janeiro), com a Copa do Mundo, que sempre anima o consumidor a trocar de televisor e a comprar videocassete, e com a continuação da queda dos juros. “Havendo situação estável da economia, sem grandes sobressaltos, o desempenho do setor será melhor do que o ano passado”, afirmou. No mês que antecede a Copa, a linha de som e imagem historicamente cresce 15% sobre o mês anterior.
Saab afirmou que as áreas que mais devem crescer neste ano, além de imagem e som, são as de portáteis e linha branca (freezers e geladeiras). Mas o otimismo tem um fim. “O grande problema é manter a oferta de crédito, que é regulada pelo varejo. Sem crédito, crescer é difícil”, analisou.
Carlos de Paiva Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Elétrica e Eletrônica (Abinee), afirmou que, segundo sondagem da entidade com os associados feita no primeiro bimestre, o setor de microcomputadores tem um crescimento projetado de 13% em 2002 sobre 2001. “Informática, na nossa primeira avaliação, vai crescer em relação a 2001, que não foi um ano ruim”, disse.
Segundo Paiva Lopes, o crescimento será estimulado pelo programa do governo de compra de computadores para as escolas (cerca de 300 mil), pela modernização das prefeituras e também pela adaptação das empresas, principalmente micro, pequenas e médias, ao SPB – o Sistema de Pagamentos Brasileiro -, que informatizará todas as transações financeiras a partir de 22 de abril.
A estimativa de aumento da área de componentes eletroeletrônicos, puxado pelo crescimento das fabricantes associadas à Eletros, é de 20% neste ano sobre 2001, segundo Paiva Lopes. “É o estímulo do maior consumo de eletrodomésticos. O racionamento de energia acabou, a Copa do Mundo está aí e os juros estão caindo, além de a economia estar estável”, disse. O crescimento de todas as áreas representadas pela Abinee deverá ficar em torno de 8% neste ano.
Theo Saad