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BC quer mudar nota de R$ 50 para evitar falsificação

Guarulhos, 07 de março de 2003

A nota de R$ 50 pode mudar de cara ainda este ano. Para reduzir as falsificações, que no ano passado causaram um prejuízo estimado de R$ 11 milhões à sociedade, o Banco Central e a Casa da Moeda trabalham em um projeto para acrescentar à cédula elementos de segurança semelhantes aos da nota de R$ 20.

Segundo José dos Santos Barbosa, chefe do Departamento de Meio Circulante do Banco Central, a proposta deve ser submetida à aprovação do CMN (Conselho Monetário Nacional) no segundo semestre. Se aprovadas, as novas notas começarão a ser impressas antes do fim do ano.

As modificações fazem parte da estratégia do BC para inibir os falsificadores que, só no ano passado, forjaram 170,4 mil cédulas de R$ 50 – isso, contabilizando apenas as apreensões feitas por bancos e pela polícia e registradas junto ao BC. É quase a mesma quantidade de notas de R$ 10 falsificadas – 181 mil – mas, pelo valor mais elevado, o prejuízo causado foi muito maior.

Barbosa disse que o prejuízo total com as fraudes cresceu em 15%, passando de R$ 9,5 milhões em 2001 para R$ 11 milhões em 2002. Já o número de apreensões subiu somente 4%, de 379 mil para 396 mil, o que mostra que os falsificadores estão fabricando notas de valor mais alto.

Ainda assim, o crescimento foi menor do que a expansão de 35% do meio circulante – o dinheiro que circula pelo país – que cresceu de R$ 37 bilhões para R$ 50 bilhões no mesmo período.

Falsificação grosseira

Segundo Barbosa, 60% das falsificações são grosseiras e poderiam ser evitadas pela sociedade com gestos simples, como observar a marca d'água na nota contra a luz.

“Nosso trabalho teve efeito, mas ainda não estamos satisfeitos”, disse. O BC iniciou em 2001 uma campanha informativa para conscientizar a população e esclarecer dúvidas sobre as características do real, espalhando equipes por pontos públicos, como shoppings e estações de metrô.

Mas embora a informação seja a principal frente de combate às falsificações, ela não é suficiente. Por isso, as notas de R$ 50 impressas a partir do fim do ano devem ganhar elementos de segurança.

A esfinge da República, por exemplo, que ilustra a frente da cédula, deve ceder espaço a uma onça-pintada. A cédula também vai ganhar uma marca tátil, à semelhança da que está no canto inferior esquerdo das cédulas de R$ 2 e R$ 20, lançadas no ano passado – medida que além de inibir a falsificação, também facilita o manejo do dinheiro por deficientes visuais.

Finalmente, a imagem latente – as letras que aparecem no retângulo ue fica no canto inferior esquerdo da nota quando exposta à luz em um ângulo oblíquo – também deve mudar.

“Mas só isso não é suficiente. Temos que inibir a reprodução por meio de scanner”, disse Barbosa. Segundo ele, outros elementos que poderão ser agregados á nota – embora ainda estejam em fase de estudo – são a banda holográfica na lateral da cédula, semelhante à que aparece na nota de R$ 20, e o uso de uma tinta que mude de cor conforme o ângulo em que se observa.

Esses dois elementos, conhecidos respectivamente como dispositivo opticamente variável e tinta opticamente variável são o que há de mais moderno para coibir a falsificação, segundo Barbosa. Além disso, a nota também poderá ganhar um fio metalizado com inscrições que vai “costurar” a nota, passando por dentro e por fora.

O custo das modificações, entretanto, ainda não foi levantado pelo BC. “Ainda temos que checar a relação custo-benefício. O governo vai gastar, mas a sociedade não será mais enganada”, disse.