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Banco Central eleva projeção do IPCA de 2003

Guarulhos, 01 de abril de 2003

O Banco Central (BC) informou em seu relatório de inflação do primeiro trimestre deste ano que elevou a projeção de alta do IPCA para 10,8% no fim de 2003. A projeção anterior, do relatório de dezembro, era de inflação de 9,5% pelo IPCA para 2003. O aumento da projeção deve-se à pressão dos preços neste começo de ano, mas também é conseqüêncial da guerra no Iraque e da inércia inflacionária (peso dos elevados índices de 2002 na variação acumulada do IPCA).

A meta oficial ajustada, acertada em decreto pelo governo, é de 8,5% em 2003. Essa meta é usada pelo BC para nortear a política monetária e fazer a inflação convergir para patamares mais baixos no decorrer de dois anos. O BC recomendou ao governo que não altere a meta ainda. O governo também não pretende mexer na meta de superávit primário.

A nova projeção para os preços administrados, segundo a autoridade monetária, elevaria a meta ajustada em um ponto percentual, mas a mudança agora seria “prematura'. Na projeção, a variação dos preços administrados por contrato e monitorados é de 16,8% ao longo de 2003 e de 9% no calendário seguinte. Em fevereiro, o peso desses preços no IPCA correspondeu a 28,3%.

Segundo o documento divulgado nesta segunda-feira (31), os efeitos da guerra se refletem no preço internacional do petróleo “e, indiretamente, na percepção de risco dos países emergentes, com possíveis desdobramentos na taxa de câmbio'. A autoridade monetária trabalha, porém, com uma projeção de R$ 3,40 para o câmbio. Esse é o valor médio do câmbio na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele embute ainda uma perspectiva de queda da taxa por “eventual duração da guerra acima do previsto, com impactos negativos sobre o fluxo internacional de capitais bem como riscos de apreciação associados ao rápido ajuste do balanço de pagamentos'.

O documento indica, quanto ao petróleo, que a hipótese adotada tem por base a queda no preço internacional do produto apontada nos mercados futuros. O aumento do preço da gasolina para o ano é previsto em 12,4%. Sobre a energia elétrica, com peso de 4,14% no IPCA de fevereiro, o BC calcula variação de 27,5% no preço este ano, dos quais apenas 3,4 pontos percentuais já ocorreram. Para telefone fixo, com peso de 2,9% no IPCA de fevereiro, supõe-se reajuste de 22% em 2003.

Em dezembro, o BC esperava que a inflação de janeiro a março marcasse 2,9%, mas o IPCA deve ficar em torno de 4,8%, “supondo-se inflação em março de 0,9%'.

Para o restante do ano, o BC esperava inflação de 6,5%, mas agora projeta 5,8%. Para 2004, o BC espera uma variação do IPCA de 4,1%. No relatório de inflação de dezembro último, a projeção era de 4,5%. Segundo a autoridade monetária, essa redução de 0,4 ponto percentual “deve-se aos efeitos da maior taxa de juros embutida no cenário básico'. No documento do primeiro trimestre de 2003, o BC trabalha com a Selic atual de 26,5%, enquanto no fim do ano passado a taxa de juros embutida era de 25%.

Para o primeiro trimestre de 2004, a inflação prevista pelo BC é de 6,7%. Nos três meses seguintes, estima 5,3% e no terceiro trimestre calcula uma taxa de 4,2%. A projeção para a inflação dos preços livres para o próximo ano caiu de 3,3% para 2,2%. Já a projeção referente à variação dos preços administrados aumentou de 7,6% para 9%.

Em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2003, o Banco Central prevê agora um avanço de2,2%, contra 2,8% estimados no relatório de dezembro. Segundo o relatório trimestral, a queda deve-se principalmente ao “aumento da taxa de juros e à deterioração da confiança do consumidor'.

Meta ajustada – De acordo com relatório mais recente, alterar a meta ajustada de 8,5% não é recomendável agora porque o Copom considera “conveniente” que o governo aguarde “por uma melhor definição sobre as revisões tarifárias'. Outro fator de peso para tal ponderação é “a alta volatilidade do preço internacional do petróleo'.

O documento destaca que a trajetória da inflação apontada na Carta Aberta do presidente do BC em 21 de janeiro último “não se constituía exatamente em uma projeção de inflação, mas sim em uma trajetória consistente com a meta ajustada'.

A meta de 8,5% pressupunha uma variação de 14% para os preços administrados em 2003. Tal variação foi revista pelo BC, que agora espera aumento de 16,8%.