As ondas de Kondratieff
Sempre tive a curiosidade de entender o crescimento e o declínio das civilizações, e procurar uma explicação plausível. Estando em Lisboa em novembro de 2007, e lendo o livro Portugal – O pioneiro da globalização, escrito em agosto de 2007, pelos doutores Jorge Nascimento Rodrigues e Tessaleno Devezas, é que consegui obter algumas informações matemáticas sobre o assunto e que passo resumidamente aos leitores.
Primeiramente, vamos explicar o modelo proposto pelo economista russo Nikolai Kondratieff, em 1922. Kondratieff demonstrou que as ondas K (de Kondratieff) duram em média 60 anos, sendo que os primeiros 25 a 30 anos representam a fase de expansão e os outros 25 a 30 anos representam a fase de depressão.
Kondratieff previu o colapso do capitalismo em 1929, mais conhecido como a grande depressão mundial, o que agradou bastante aos comunistas. Previu, também, que após isto haveria a fase de expansão do capitalismo o que acabou acontecendo. Por conta disto, foi preso pelos comunistas e executado em 1938.
Felizmente as idéias de Kondratieff foram transcritas para a língua alemã e difundidas para o resto do mundo.
Kondratieff só examinou o período industrial, com início em 1.800. Segundo suas conclusões, a primeira onda K teve, a fase expansão foi de 1.800 a 1.820 e de 1.820 a 1.840, tivemos a fase de depressão. A segunda onda K, a fase de expansão teve início em 1.840 a 1.870 e a fase da depressão em 1.870 a 1.895. Já terceira onda K a expansão iniciou em 1.895 e términou em 1.920, e o inicio da fase de depressão foi em 1.920 e término em 1.950. A quarta onda K à fase de expansão foi de 1.950 a 1.975 e a fase da depressão entre 1.975 a 2.005.
Portanto, a partir de 2.005 o mundo vive sobre a influência da quinta onda K, e podemos constatar, facilmente, que o mundo está em plena fase de expansão. Somente em 2.030, terá início à fase de depressão.
Cada onda de Kondratieff dura aproximadamente 60 anos. Duas ondas K formam o que se chama o Ciclo Longo (CL) com período de 120 anos, conforme denominado por George Modelski em 1.980.
A visão de Modelski é que a perspectiva tem quatro componentes principais: Econômica, Política, Social e Cultural.
Modelski usando o evolucionismo Darwiniano aplicado ao homo sapiens definiu os elementos básicos da evolução biológica da seguinte forma: Variação, Cooperação e Seleção.
Examinando-se o mundo desde meados do século X até fins do século XXI temos:
Primeiro ciclo longo 1: China
Segundo ciclo longo 2: China
Ciclo Longo 3: Gênova
Ciclo Longo 4: Veneza
Ciclo Longo 5: Portugal
Ciclo Longo 6: Holanda
Primeiro Ciclo Longo 7: Britânico
Segundo Ciclo Longo 8: Britânico
Primeiro Ciclo Longo 9: Estados Unidos
Vários estudos de especialistas citam que o ponto crítico do mundo se dará no ano 2.030, pois haverá um vácuo do poder mundial e ninguém realmente sabe o que vai acontecer.
Quatro potencias mundiais, o denominado BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – estão habilitadas para o futuro.
Alguns autores não possuem nenhum dúvida que a China será a maior potência mundial em 2.030, mas existem outras possibilidades. Os Estados Unidos poderão fazer alianças e assumir novamente a liderança.
Para terminar, vamos citar as idéias do historiador americano John G. Sims Junior, publicada em 1.930.
Uma tribo batalha contra a miséria e opressão e desta forma torna-se forte além de uma grande nação. Então, prossegue vivendo às custas dos esforços dos outros, até se tornar fraca, o que causa a sua queda perante algum povo jovem e viril como fora outrora.
As famílias seguem o mesmo caminho. É comum se dizer que passam quatro gerações desde “mangas de camisa” até “mangas de camisas”. Uma geração acumula riquezas; a segunda geração pratica a gestão de manter esta riqueza; a terceira esbanja-a e a quarta tem que começar tudo de novo.
Indivíduos e negócios seguem o mesmo caminho das famílias e das nações.
Plínio Tomaz
Diretor de Assuntos Hídricos da ACE