Argentina não afeta bancos no Brasil
O Banco para Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), que é o banco central dos bancos centrais, disse que a crise argentina não teve um impacto negativo nas atividades dos bancos internacionais no Brasil e no restante da América Latina durante o primeiro trimestre deste ano.
O Brasil registrou o maior declínio na exposição dos bancos estrangeiros na região, após a Argentina. Segundo o BIS, os empréstimos estrangeiros no Brasil caíram US$ 8 bilhões entre o final de 2001 e março passado, passando a somar US$ 135 bilhões. Os empréstimos denominados em reais para residentes brasileiros foram os principais responsáveis por essa contração.
“Mas apesar desse declínio, pelo menos no primeiro trimestre a experiência dos bancos na Argentina não parece ter gerado uma significativa reavaliação de suas atuais atividades no Brasil”, disse o BIS, que divulgou nesta quinta-feira suas estatísticas para o primeiro trimestre.
Os empréstimos estrangeiros para os bancos brasileiros e para o setor público do país permaneceram praticamente inalterados, “o que sugere que os bancos não estavam especificamente preocupados com o risco do país”.
Já o volume dos empréstimos estrangeiros para o setor não-bancário do país caiu, com as transações garantidas por corporações estrangeiras e outros não-residentes sendo responsáveis pela totalidade desse declínio. O BIS salientou que as estatísticas para a atividade bancária internacional nos países emergentes foram muito afetadas pela crise na Argentina, onde os empréstimos declinaram cerca de 30% no primeiro trimestre (uma queda de cerca de US$ 24 bilhões).
O abandono do sistema cambial de currency-board e asubsequente “pesificação” do sistema bancário do país foram fatores fundamentais na redução do volume de empréstimos naquele país, que passou a somar US$ 50 bilhões. O BIS destacou também que os bancos japoneses reduziram fortemente as suas posições internacionais no primeiro semestre de 2002.
A queda foi de US$ 150 bilhões, reduzindo o total da exposição japonesa a US$ 1 trilhão. “Isso reverteu a gradual expansão dos ativos estrangeiros dos bancos japoneses registrada após a recapitalização do sistema bancário do país no início de 1999.”
Já os bancos europeus continuaram a expandir as suas atividades externas. Com isso, o total das posições estrangeiras dos bancos nas regiões avaliadas pelo BIS permaneceram praticamente inalteradas no final de março passado, em US$ 11,5 trilhões.
João Caminoto