A população gostou do racionamento de energia
A população continuou a economizar energia elétrica em março, mesmo sem a obrigatoriedade de cumprir a meta do racionamento. No mês passado, o consumo de eletricidade ficou abaixo do limite de referência estabelecido pelo governo para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, que foram submetidas ao racionamento por nove meses, até o final de fevereiro.
Segundo o boletim de acompanhamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico, divulgado ontem, o gasto de energia nos Estados do Sudeste e do Centro-Oeste em março foi 6,81% menor do que o limite estabelecido. Nas duas regiões, o consumo foi de 25.591 MW médios para um valor de referência de 26.270 MW médios. No Nordeste, o gasto ficou 9,65% abaixo da meta de 5.928 MW.
A economia de energia ajudou a manter altos os níveis dos reservatórios que abastecem as hidrelétricas. No Sudeste e Centro-Oeste, o volume de água nas barragens atingiu a previsão do governo, fechando o mês em 70,14% da capacidade. Esse nível está 18,14 pontos porcentuais acima da curva guia – limite mínimo definido pela Câmara de Gestão da Crise de Energia.
O mesmo aconteceu com os reservatórios do Nordeste, que chegaram a 63,78% da capacidade máxima em 31 de março, o que representa 13,78 pontos porcentuais acima da curva guia. Mas não se cumpriu a expectativa de alcançar também a cota de 70% nos reservatórios nordestinos no fim de março.
Apagão: não foi o parafuso
O novo presidente da Eletrobrás, Altino Ventura Filho, disse que o apagão que atingiu dez Estados e o Distrito Federal no dia 21 de janeiro não foi causado por um parafuso frouxo, como se divulgou na época. “Não tem nada a ver com parafuso. Houve a ruptura de um cabo (linha de transmissão)”, disse Ventura, coordenador do grupo criado no âmbito da GCE para investigar as causas do apagão.
A conclusão do grupo diverge da versão anunciada em janeiro, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de que o apagão que provocou um colapso no sistema de geração e transmissão de energia das regiões Sudeste e Sul teria se iniciado com o desprendimento de um parafuso.
Segundo Ventura Filho, a ruptura do cabo pode ter sido causada por “uma fadiga de material”. Um diagnóstico mais detalhado, segundo ele, será concluído até o dia 12 de abril, data em que será feita a apresentação do estudo.
O relatório do grupo do “apagão” informará também que não houve causas estruturais, como atraso de obras, para o blecaute de 21 de janeiro. O presidente da Eletrobrás descarta que tenha havido qualquer relação do apagão com o racionamento de energia elétrica, e acrescentou que o relatório não apontará responsáveis.
Segundo Ventura, essa responsabilidade é da Aneel. A Agência já notificou a Companhia Paulista de Transmissão de Energia Elétrica (CTEEP), proprietária da linha de transmissão, e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A Aneel está analisando a defesa apresentada pelas duas empresas e, nas próximas semanas, decidirá se aplicará ou não as multas, que podem chegar a 2% do faturamento da empresas.