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Carnaval: Ópera de rua

Guarulhos, 28 de fevereiro de 2011

Na qualidade de presidente de uma associação, que fez do intercâmbio de informações e experiências empresariais a sua grande missão,  tivemos o prazer de integrar uma Diretoria que promoveu um expressivo número de eventos sobre excelência organizacional.

Japão, Argentina, Uruguai, Bolívia e Colômbia se fizeram representar nessas promoções e, do nosso país, contamos com profissionais de todos os escalões hierárquicos e dirigentes da mais variadas entidades. Das várias esferas governamentais, recebemos diversas autoridades, inclusive,  dois Ministros de Estado.

Um desses seminários, cujo tema era – Motivação e Criatividade -, ficou marcado de maneira indelével pela genialidade do seu apresentador – o consagrado carnavalesco Joãozinho Trinta.

A ginga do passista e a magia do futebolista brasileiro são embaixatrizes da cultura de um povo, que fez da sua incorrigível alegria o reluzente brilho da Marca Brazil.

Da riquíssima diversidade das formas de expressão do carnaval – fantástica ópera de rua – nosso enfoque vai para as escolas de samba, cujo pioneirismo pertence a “Deixa Falar” fundada em 1928, pelos sambistas: Ismael Silva, Bide, Brancura, entre outros.

Do Criador à criatura, da pobreza à riqueza,  da tradição à inovação,da flora à fauna, da história à geografia e da antiguidade à atualidade, surgem temas que se transformam em  samba-enredo – espinha dorsal do desfile – gerador do maior espetáculo de artes ao ar livre do planeta azul.

A análise gerencial, do cotidiano das escolas de samba, revela a aplicação de conceitos de consagrados especialistas mundiais,  em gestão da excelência, como por exemplo o PDCA de Deming, a adequação de uso com satisfação do cliente de Juran, as equipes de trabalho de Ishikawa, a filosofia de Crosby, e os sábios ensinamentos de Peter Drucker.

A empregabilidade, habilidade eclética do profissional moderno, também desfila nas avenidas deste país continente, pois os foliões sabem sambar, cantar, fazer  evoluções e interpretar o personagem que representam no contexto.

Motivada, a galera se levanta, estufa o peito e solta o tão aguardado grito de…é Campeã!!!…é Campeã!!!…é Campeã!!!.

Por alguns instantes o sonho da igualdade universal acontece no verso do poeta, no som inconfundível do tamborim, no largo sorriso das passistas, na mistura das raças, credos, hierarquias, profissões e classes sociais

Nessa hora a emoção fala mais alto e a adrenalina vai a mil, pois é o reconhecimento, e a valorização, do árduo trabalho de milhares de pessoas – a grande maioria anônima – que durante o ano todo se desdobra nas tarefas do barracão, na confecção das fantasias e das alegorias  e participa dos ensaios na quadra.

Colocar na passarela milhares de sambistas, com perfeita noção de tempo e de espaço e gerenciar o escasso orçamento da agremiação requer, sem dúvida alguma, muita criatividade para provocar efeitos especiais de baixo custo.

Deve haver muita harmonia entre o planejamento estratégico e o “jogo de cintura” dos dirigentes, para lidar com pessoas de características tão diversificadas.

Da leveza das evoluções da  porta-bandeira à agressividade das batidas nos surdos, podemos assistir a uma aula singular de MBA ( Master of Business Administration) que, simbolicamente,  podemos traduzir por – doutoramento tupiniquim.

Para que as organizações de todos os portes e segmentos, possam agregar valores com o estilo interativo das escolas de samba, basta que seus executivos dêem oportunidades (iguais) para o funcionário possa revelar e desenvolver todo seu potencial empreendedor.

Sendo o carnaval brasileiro, através de suas mais variadas expressões regionais, a nossa mais internacionalizada manifestação cultural,  encerramos com o seguinte alerta: vamos explorar o turismo, não o turista.

Faustino Vicente – Advogado, Professor e Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos  – e-mail: faustino.vicente@uol.com.br