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Em ano difícil, um ótimo Natal

Guarulhos, 17 de dezembro de 2009

A crise financeira mundial contribuiu para a queda de 9% no volume de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), neste ano em relação a 2008. O indicador é um termômetro das vendas a prazo. Os efeitos da turbulência teriam sido ainda piores para o comércio se não fosse a elevação de 1,2% na quantidade de consultas feitas ao SCPC Cheque, que mostra as vendas à vista.

Mas, para o Natal, a estimativa é otimista, de crescimento de 7% nas vendas em relação à data no ano passado. Os dados fazem parte de balanço divulgado ontem pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV) da ACSP.

Para o presidente da Associação e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti,  apesar da influência negativa da crise no crédito, o varejo pode fazer um balanço positivo de 2009. E a expectativa, segundo ele, é de um 2010 muito melhor para os negócios.

Futuro  – “Temos a efetiva possibilidade de alçar voos mais altos no próximo ano com as conquistas obtidas em 2009, como o Microempreendedor Individual (MEI), que reduz a informalidade e até o crime organizado, e a diminuição da inadimplência, acompanhando o crescimento da massa salarial e a confiança no emprego”, afirmou Burti.

“Logo no primeiro trimestre de 2009, atravessamos um período difícil, mas o varejo  apresentou recuperação ao longo dos meses. Com isso, chegamos ao fim do ano com boas perspectivas para as vendas de Natal e projeção de um comércio acelerado em 2010”, disse o diretor do IEGV, Marcel Solimeo.

A expectativa de um bom Natal para 2009 é reforçada pelos números da primeira quinzena deste mês, também divulgados ontem. As consultas ao SCPC cresceram 3,8% ante igual período do ano passado e, no caso do SCPC Cheque, a alta foi de 8,2% na mesma base de comparação. “Existe uma clara tendência de recuperação. Novembro foi o primeiro mês do ano em que registramos crescimento nas consultas tanto para as vendas à vista quanto para as transações a prazo”, observou Solimeo.

Boa nova – A queda da inadimplência foi a boa notícia do ano. O número de registros cancelados (nomes que saem do cadastro de devedores) deve chegar ao fim de 2009 com alta de 3,8% ante 2008, enquanto o volume de registros recebidos (nomes que entram na relação) deve aumentar 3%. Isso significa que mais pessoas limpam o nome do que ficam inadimplentes. Na avaliação de Solimeo, essa tendência de melhora ou estabilidade da inadimplência deve permanecer em 2010, desde que o cenário econômico não mude – ou seja, que empregos e aumento da renda sejam mantidos. “Há, ainda, o fato de que hoje existe mais facilidade para a renegociação das dívidas e para o  acesso ao crédito.”

As falências requeridas devem crescer 14,1% neste ano, enquanto as recuperações judiciais podem fechar 2009 com alta de 41%. De acordo com o diretor do IEGV, isso mostra que a crise realmente afetou as pessoas jurídicas.

Ele ressaltou ainda que a nova Lei de Falências ajuda a evitar um número muito acentuado de quebras de empresas no comércio varejista. “De qualquer forma, os números absolutos das falências e das recuperações são muito pequenos. Neste ano, por exemplo, foram 575 pedidos de falência. Em 2008, esse volume chegou aos 8.277”, destacou Marcel Solimeo.