Celulares desligados contra reajustes
Os clientes das operadoras de celular já estão se organizando para tentar bloquear o reajuste de 22% que entra em vigor a partir da próxima terça-feira (dia 8). Um boicote nacional está programado para o próximo fim de semana (dias 5 e 6) quando o volume de ligações aumenta.
O movimento de protesto se alastra pela internet, que já mostrou sua força de mobilização no início do ano, com os milhares de e-mails circulando na rede mundial de computadores, direcionados aos governos dos Estados Unidos e Inglaterra contra a invasão do Iraque. Agora, os brasileiros querem acabar com a invasão em seus bolsos, já bem rasos e achatados pelo custo de vida, impostos e desemprego.
A insatisfação com os aumentos dos chamados preços administrados pelo governo (energia, pedágios) está crescendo. O último reajuste antes dos celulares foi a elevação média de 28,75% nas linhas locais de telefonia fixa. “É um absurdo elevar as tarifas num momento tão delicado para a economia principalmente para o comércio”, afirma Edna Onodera, da clínica de estética com o mesmo nome.
Boicote – Não é a primeira vez que uma legião de brasileiros transmite e-mails convocando os usuários a desligarem o aparelho celular. Na prática, estas ações não têm tido sucesso, pois a redução das tarifas nunca foi alcançada. Ainda assim, há quem acredite no movimento como forma de pressão sobre as operadoras. “Não há outra forma de reação da sociedade a não ser desligar o telefone. Precisamos tentar”, defende o comerciante Francisco Jerônimo.
O reajuste médio das ligações de aparelhos fixos para celulares será de 22,25%, com exceção de cinco empresas que ainda não completaram um ano do reajuste passado e continuam negociando o percentual dos reajustes com a Anatel. São elas: BCP (São Paulo), TCO (Centro-oeste), Maxitel (Bahia e Sergipe), NBT ( Norte) e BSE (Nordeste).
De celular para celular, o aumento anunciado será de 21,99%. Cada empresa negociou separadamente, mas a maioria delas queria repassar para as tarifas o IGP-DI integral desde o último reajuste, que estava em 26,41%.
Reajuste – O aumento se refere a uma cesta de serviços formada por habilitação, assinatura, ligações locais, regionais e nacionais, deslocamento e adicional por chamada. No ano passado, o reajuste autorizado pela Anatel foi de 9,9% em média, e entrou em vigor no dia 1º de fevereiro. As linhas de telefonia fixa também sofreram impacto pesado. Ligações locais tiveram acréscimo de 28,75%, nacionais sofreram aumento de 24,85% e as internacionais 10,54%.
Tsuli Narimatsu