SPB auxiliará no combate à lavagem de dinheiro
O novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) poderá representar não só a redução do risco sistêmico do país, mas também um duro golpe do Banco Central contra a lavagem de dinheiro. Alguns bancos, como Unibanco e Caixa Econômica Federal (CEF), já estão estudando o aprimoramento das mensagens enviadas durante a Transferência Eletrônica Disponível (TED), sistema que repassa recursos de uma conta para outra em tempo real e que promete tomar o lugar das transações com cheques e DOCs.
Atualmente, quando alguma operação suspeita é detectada, um sistema de alerta dos bancos envia mensagens aos gerentes das agências avisando sobre os fatos. Porém, como a compensação financeira das transferências, cheques e depósitos é feita somente durante a noite, os relatórios são repassados a esses profissionais apenas no dia seguinte à transação. Muitas vezes, tarde demais para impedir a evasão de divisas.
Com o SPB, grande parte dos pagamentos e transferências acima de R$ 5 mil será feita em tempo real, por meio da Transferência Eletrônica Disponível (TED). Esse sistema conta com o envio de mensagens automáticas entre todos os bancos, as câmaras de compensação e o Banco Central, relatando cada passo da operação. A CEF e o Unibanco estudam aperfeiçoar estes programas, de forma que transferências suspeitas possam ser suspensas automaticamente, até que sejam investigadas.
– Nossa proposta é agregar essa funcionalidade ao aplicativo. Principalmente pelo fato de sermos uma empresa pública, vamos dar ênfase à lavagem de dinheiro – disse o gerente nacional de administração financeira e coordenador do projeto SPB da Caixa, Roberto Derziê.
A Caixa, que já investiu R$ 14 milhões na implementação do SPB, vai começar a aperfeiçoar o projeto assim que o novo sistema entrar em vigor, no dia 22 de abril.
O Unibanco também vai se esforçar para combater a lavagem de dinheiro. De acordo com o diretor executivo da vice-presidência corporativa da instituição, Geraldo Traváglia Filho, será criada uma área especializada para verificar transações suspeitas no banco. Entre os tipos de operações que poderão ser alvo de investigação, está a transferência de recursos superiores a R$ 10 mil, por exemplo, para uma conta cujo saldo médio seja de R$ 100.
– Haverá um painel de controle, que ficará em uma área especializada para conferir esse tipo de informação. Os profissionais dessa área serão os únicos que poderão apertar o botão de alerta – detalha, contando que o Unibanco deverá gastar R$ 16 milhões com o SPB.
Segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, a lavagem de dinheiro no mundo movimenta US$ 500 bilhões anuais, dos quais US$ 400 bilhões são gerados pelo narcotráfico.
Juliana Rangel