Petrobras faz acordo para limpar o Pinheiros
Petrobras, Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) assinam depois de amanhã convênio para início do processo de despoluição do rio Pinheiros por meio da flotação.
A estatal se comprometerá a investir um total de R$ 130 milhões na implantação de sete estações ao longo do rio e seus afluentes. Em contrapartida, espera receber a energia extra que será produzida na usina de Henry Borden (em Cubatão, na Baixada Santista) quando o Pinheiros voltar a ser bombeado para a represa Billings, que alimenta a hidrelétrica.
O artigo 46 das disposições transitórias da Constituição do Estado de São Paulo proibiu em 1992 o bombeamento das águas do Pinheiros para a Billings enquanto o rio não se enquadrasse na classe dois do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
Para tanto, ele precisa voltar a ter oxigênio dissolvido, abrigar vida aquática (plantas e animais) e ser límpido. É isso que a flotação promete realizar num período de aproximadamente dois anos.
O secretário de Estado do Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, não cogita falhas no processo -já adotado nos lagos do parques Ibirapuera e da Aclimação e no Horto Florestal de São Paulo. Ambientalistas e especialista, porém, duvidam de sua eficiência num rio que tem 24 km de extensão e uma vazão sujeita às chuvas.
A proibição da reversão do Pinheiros tinha o intuito de proteger a qualidade das águas da Billings, uma vez que seu uso prioritário é para o abastecimento. O bombeamento só é permitido hoje para controle de enchentes.
O Pinheiros é atualmente um rio morto, que tem cerca de 20 mg de carga poluidora (efluentes domésticos e industriais) para cada litro de água, segundo o relatório de qualidade das águas do Estado, feito pela Cetesb (agência ambiental do governo paulista).
A flotação vai começar em duas estações. A intenção é tratar inicialmente 10 mil litros de água por segundo. Em cerca de oito meses, a partir de fevereiro, será possível avaliar se o trecho do rio foi realmente limpo, diz Tripoli.
O “projeto piloto” servirá também para silenciar as críticas à eficácia do processo, avalia o secretário. As primeiras estações custarão R$ 42 milhões à Petrobras.
Quando a instalação estiver completa, o que está previsto para meados de 2003, a vazão tratada -50 mil litros por segundo- deverá ser suficiente para produzir mais 300 MW na Henry Borden, que hoje gera cerca de 100 MW.
Coagulando sujeira
A flotação consiste na aplicação de agentes coagulantes, como sulfato de alumínio ou cloreto férrico, na água suja. Essas substâncias provocam a aglutinação dos poluentes, formando flocos que se depositam no fundo do rio.
Microbolhas de oxigênio injetadas a partir do solo empurram a sujeira coagulada para a superfície, de onde ela é tirada por dragagem. O lodo recolhido será desidratado, jogado em botas-fora da Sema e coberto com cal, para eliminação de agentes nocivos.
De acordo com o secretário Ricardo Tripoli, a avaliação da eficácia da flotação será reforçada pelo controle biológico de peixes que ficarão em tanques com a água do Pinheiros, depois de o processo haver terminado.