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Pequenos ganham espaço na Bolsa

Guarulhos, 27 de junho de 2007

Um em cada quatro investidores que hoje aplicam na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) é pessoa física

Há cinco anos, quando começou o programa de popularização do mercado de ações, a participação não chegava à metade disso. Agora, cerca de 9 milhões de brasileiros têm algum tipo de relação com a bolsa, número que deve triplicar nos próximos dez anos, segundo estimativas da Bovespa.

Embora os grandes investidores, em especial os estrangeiros, ainda dominem a movimentação na bolsa paulista, o crescimento da participação dos pequenos investidores ajuda a elevar o valor de mercado das empresas listadas no pregão. Somadas, as ações negociadas na Bovespa já valem aproximadamente R$ 2 trilhões — montante próximo ao do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de R$ 2,3 trilhões.

“O fato de o movimento se aproximar do total de riquezas produzidas no País mostra que o mercado brasileiro de ações está alcançando patamares de países desenvolvidos”, diz o professor-doutor do departamento de economia da PUC-SP e autor do livro Globalização e Investimento Estrangeiro no Brasil, Antônio Corrêa de Lacerda. “Com resultados tão positivos, o brasileiro começa a se sentir mais seguro para comprar ações”, afirma.

Participação — Segundo a Bovespa, 52,8 mil pessoas físicas participaram da compra de ações em aberturas de capital (IPOs) e ofertas públicas de 15 empresas em 2004. Já no primeiro semestre deste ano, 295 mil investidores compraram papéis de 29 empresas que lançaram ou relançaram ações. No período, a alta do número de pequenos investidores chegou a 458,7% e a da quantidade de empresas, a 93,3%.

“Há cinco anos, não esperávamos esse boom da participação de pessoas físicas”, afirma o diretor de marketing e comunicação da Bovespa, Luís Abdal. “Mas muitos que começaram investindo pouco dinheiro em clubes de investimento acabaram montando as próprias carteiras de ações.”

Para ele, essa mudança de comportamento do pequeno investidor reflete o aumento da confiança na bolsa, relacionado a um maior grau de informação a respeito do funcionamento do mercado de ações.

Em 2002, as compras e vendas de ações feitas por meio do home broker (sistema que permite a negociação de papéis pela internet) representavam 2% do total de negócios realizados na Bovespa. Hoje, esse percentual chega a 27%.

Para os que ainda não se sentem à vontade para comprar e vender ações por conta própria, as corretoras oferecem clubes de investimento que aceitam aplicações a partir de R$ 30. Existem clubes criados pelas corretoras e outros formados por turmas de amigos. “A proposta é que o investidor aplique aos poucos, mas todos os meses”, afirma o sócio-diretor da Corretora Geração Futuro, Milton Milioni.