Vendas a prazo crescem 5% em janeiro
Vendas moderadas marcaram o primeiro mês do ano para o comércio varejista. Segundo balanço da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), houve um incremento de 5,0% no movimento de compras via crédito. As vendas à vista, refletindo o ambiente de renda contraída, mostraram redução de 4,5% . As comparações referem-se a janeiro contra o mesmo período do ano passado.
O levantamento, feito com comerciantes da capital paulista, foi influenciado pela diferença de dias úteis em relação a 2002. Olhando-se as médias diárias, nota-se um ritmo ainda lento nas vendas. Segundo a ACSP, a média diária de negócios a crédito foi de um aumento de 1,0%. Em relação à primeira quinzena houve um decréscimo, pois a média das vendas a prazo era de 2,7%.
Na avaliação do economista da ACSP, Emílio Alfieri, a queda na média diária foi ocasionada pela decisão do Copom de não alterar a taxa básica de juros. “Não reverteu a tendência de crescimento, mas colocou uma dúvida na retomada”, pondera. Ele argumenta que só quando o primeiro trimestre estiver terminado será possível ter certeza sobre a recuperação do varejo.
O que se sabe no momento é que o consumidor continua com pequenas margens para comprar. O fato das vendas à vista terem registrado uma queda de 8,2% na média diária revela que bens de menor valor, como calçados e vestuário, enfrentam dificuldades neste início de ano.
Outro sinal nesta direção é o índice de inadimplência. Houve um crescimento de 1,2% em janeiro, variação considerada normal após um Natal aquecido. O número que chama atenção, no entanto, é a quantidade de consumidores que está limpando o nome do cadastro de devedores; o crescimento foi de 7,6%. Ou seja, as pessoas preferem saldar dívidas a realizar novas compras, explica Alfieri.
Por isso mesmo, são pequenas as brechas para o crescimento da inflação, diz o economista. Ele julga que as empresas que o fizerem afastarão a demanda com mais rapidez do que o esperado. “Nada justifica a decisão do Copom”, reclama.
Os primeiros balanços da redes de varejo acompanham os indicadores da ACSP. Nas Lojas Marisa, rede especializada em vestuário feminino houve um aumento de 5,0% nas vendas de janeiro, resultado considerado moderado pelos administradores. Segundo o diretor de vendas da Marisa, José Luiz Cunha, o clima também tem influenciado negativamente. “Temos uma linha de verão que não está sendo vendida como esperávamos”, conta.
Por outro lado, os itens cujas vendas dependem de crédito continuam bem. Nas Lojas Colombo, rede de eletrodomésticos, o incremento de vendas foi de 25% em janeiro.
Gustavo Faleiros