Veículos e eletrônicos puxam indústria para baixo em outubro
A indústria teve contração intensa em outubro, na comparação com o mesmo mês de 2014, segundo a Pesquisa Mensal da Indústria (PMI) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recuo foi de 11,2%, mesmo com dois dias úteis a menos. Trata-se da maior queda em seis anos e da 20ª contração sucessiva.
Em relação ao mês de setembro, o recuo foi de 0,7%, superando as expectativas de mercado, marcando o 5º mês seguido de queda, acumulando reduções de 7,8% no ano e 7,2% nos últimos doze meses, respectivamente.
A crise é cada vez mais generalizada, afetando, frente a outubro do ano passado, 24 dos 26 ramos incluídos na pesquisa. As maiores retrações ocorreram nos segmentos de informática e eletrônicos (-35,8%), veículos (-34,9%), têxteis (-21,7%) e borracha e plástico (-12,8%), em decorrência dos elevados níveis de estoque, da forte redução das vendas e da menor confiança dos empresários.
As duas exceções estiveram representadas por produtos de fumo e bebidas, cuja produção aumentou durante esse mesmo período 10,1% e 0,7%, respectivamente, porém, em grande parte devido às menores bases de comparação anteriores.
Por categorias de uso, todos os setores apresentaram retração, sendo as maiores influências negativas os bens de capital (-32,6%), refletindo a derrocada dos investimentos produtivos e em infraestrutura, e os de consumo duráveis (-28,7%), cuja aquisição é intensamente prejudicada pelo encarecimento do crédito e pela menor confiança do consumidor.
A indústria deverá continuar em crise durante os próximos meses, a julgar por nova redução da confiança dos empresários do setor, e pelo fato de o nível de estoques ser o mais alto desde 2001. A solução dessa severa crise poderá estar determinada pela recuperação da competitividade do setor, ajudada pela maior taxa de câmbio e pelos menores salários pagos, porém depende sobremaneira do fim das incertezas políticas e econômicas que paralisam o País.