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Vantagens e perigos dos cobradores profissionais

Guarulhos, 09 de maio de 2002

arteCom o crescimento da inadimplência no mercado brasileiro, a cobrança de créditos transformou-se num fator importante para a vida das empresas. E também num problema adicional. Isso porque não faz parte do leque de atividades de um negócio comercial ou industrial a manutenção de um enorme escritório para a negociação e a recuperação de pendências. E é essencial perder o mínimo possível com os calotes. Para suprir a necessidade de serviço especializado nesta área, têm surgido diversos escritórios, especialmente em São Paulo, dedicados apenas à cobrança mercantil.

Especialização – Terceirizar o serviço de cobrança é uma boa providência, de maneira geral. Representa economia, assim como a terceirização do serviço de segurança ou do refeitório. “A terceirização permite que a empresa se dedique mais a seu foco de negócio e obtenha serviços a custo mais baixo com maior qualidade de informação e melhores resultados”, diz Roni de Oliveira Franco, sócio da Total Service, empresa ligada à consultoria Trevisan e Associados. No caso da cobrança, no entanto, é preciso tomar cuidado. Não existe qualquer regulamentação ou fiscalização sobre estas empresas. Elas sequer estão organizadas numa associação. Empresas maiores, mais tradicionais, com grande número de clientes e profissionais experientes oferecem maior segurança. Com isso fica resolvida uma parte da questão. As empresas de cobrança negociam, parcelam dívidas e movem ações judiciais. Há outro cuidado necessário para evitar maiores prejuízos. Os créditos em atraso podem ser lançados como despesa e, desta forma, serem deduzidos da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social.

O advogado Diogo Fernandes Ruiz, consultor jurídico da KPMG, lembra que, pela lei, podem ser lançados como despesa os seguintes créditos: até 5 mil reais, vencidos há mais de seis meses de 5 mil a 30 mil reais, vencidos há mais de um ano de mais de 30 mil reais, vencidos há mais de um ano, desde que seja aberto processo judicial para o recebimento do crédito. Os consultores detectam um outro comportamento que, embora irregular, tem se disseminado. “Muitas empresas têm deixado de pagar impostos para ficar com algum dinheiro em caixa”, diz o consultor Marcio Orlandi, da Fundamental Research. Explica-se: a multa cobrada pelo atraso é mais baixa do que os juros pagos num empréstimo bancário. “Esta é uma distorção. Neste caso, é melhor o empresário reavaliar seu negócio e deixar de vender a quem não paga”, recomenda Orlandi.

Eliana G. Simonetti