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USP lança hoje a

Guarulhos, 13 de agosto de 2001

ReproduçãoOcorreu há dois anos, em Kyoto, Japão, um encontro internacional sobre cidades digitais. O próximo simpósio acontece em outubro. Passada a euforia com as “startups” virtuais (as empresas feitas de internet cujo ideal era fazer um lançamento de sucesso das suas ações na Bolsa de NY), nos últimos anos houve ao mesmo tempo o estouro da bolha especulativa em Wall Street e o início de outro ciclo, cuja principal imagem é a da “cidade digital”.

Há o risco de considerar que essa imagem é puramente metafórica ou mesmo uma espécie de caso especial do fenômeno contemporâneo de explosão de novas formas de vida digital.

Claro que há muito de metáfora e até poesia em projetos de cidades virtuais ou digitais.

No entanto construir cidades digitais é muito mais que isso. Afinal, o que também parece ter chegado a um ponto de exaustão, nos últimos anos, foi a ilusão individualista de uma rede mundial que se poderia frequentar do mesmo modo como se visitam canais de televisão (ganhou força a cultura do “zapping”, ou seja, do movimento errático entre canais de TV).

Essas formas de uso das redes de comunicação, que reforçam as inclinações mais egoístas, sempre terão o seu lugar. No entanto, mesmo no seu estágio atual, boa parte da atividade mais lucrativa ou produtiva na rede está ligada à formação de comunidades.

A mais efêmera é, em geral, a sala de bate-papo. Mas a partir disso há uma gradação que passa pelas listas de discussão, pelos sites de comunidades de especialistas e chega, no extremo mais sofisticado, aos sistemas de gestão de conhecimento.

Na definição técnica, uma cidade digital é uma “plataforma de fomento à formação de redes comunitárias” (essa é a definição usada no site de 1999 do grupo de Kyoto).

Se o foco da rede passa do indivíduo para as energias que a coletividade pode mobilizar por meio de estratégias inteligentes de cooperação, surge uma outra informática, indissociável do desenvolvimento econômico e social. Fica em primeiro plano o combate à exclusão, não só digital como das redes de produção de conhecimento que são portais de acesso a riqueza e poder.

Essa tendência internacional ainda não contava com uma formulação, no Brasil, que fosse além do governo eletrônico ou da utilização ainda segmentada de listas de discussão. Mesmo em outros países, os modelos de cidade digital variam e estão numa fase ainda inicial.

A proposta e a prática de uma construção desse tipo surgem agora com a Cidade do Conhecimento, cuja construção está sendo mediada pelo Instituto de Estudos Avançados da USP, sob a coordenação deste escriba até agosto de 2002.

A fundação dessa cidade acontece hoje, às 8h30. Terá transmissão ao vivo pela internet (www.cidade.usp.br), seguida por um espetáculo de teatro e música, a partir das 16h, no Anfiteatro Romano da USP.

A fundação da Cidade do Conhecimento está sendo marcada pelo ciclo “São Paulo Digital”, com eventos até o dia 6 de setembro organizados por setores das universidades paulistas, dos governos federal, estadual e municipal, de empresas e de organizações não-governamentais.

A idéia é desenhar, pela mobilização dos setores envolvidos com formas de vida digital, um modelo de desenvolvimento econômico e social mais sustentável e justo que o registrado pela velha economia “real”.