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Um final de ano positivo para o varejo

Guarulhos, 30 de outubro de 2009

A economia brasileira terá crescimento no último trimestre de 2009 em relação a igual período do ano passado, mas não o suficiente para eliminar a queda que sentiu no último trimestre de 2008 e o primeiro deste ano. A boa notícia é que este desempenho irá se estender ao longo de 2010, levando o País a um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 4,5% e 5%. Essa é a conclusão dos especialistas que participaram na última quarta-feira, 28, do Seminário Perspectivas da Economia para 2010, organizado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

“Temos dados concretos que apontam para um final de ano positivo para o varejo e um 2010 de expansão da economia acima de 4,5%, o que indica para o comércio vendas na casa de 6%”, afirmou Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).

Recuperação do crédito para pessoa física nos níveis de setembro de 2008 , no período pré-crise; alargamento dos prazos de financiamento, melhora do emprego e da massa salarial são os fatores apontados pelo diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal, Marcel Solimeo, para a boa perspectiva para as vendas neste fim de ano e em 2010.

“Os economistas preveem uma expansão entre 4,5% e 5% para o PIB, em 2010, e o varejo sempre cresce além do PIB em pelo menos dois pontos percentuais, o que sinaliza essa expansão entre 6% e 7% nas vendas no próximo ano”, afirmou Solimeo.

As expectativas para a inadimplência também são boas. Segundo Solimeo, um dos motivos é que, por conta do menor volume de crédito disponível desde setembro do ano passado, que agora começa a voltar gradativamente, as empresas passaram a operar apenas com linhas que oferecem menos riscos e consumidores com baixo nível de endividamento, o que vai ajudar a manter os pagamentos em dia.

Quanto aos outros setores, as expectativas também são favoráveis. O consenso é que o pior da crise já passou, ao menos para o Brasil. “O crescimento do PIB no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro pôs fim ao período de recessão no País e aponta para o início da recuperação. A dúvida que fica, para todo o mundo, é o tempo que vai durar esse processo de recuperação”, afirmou o economista Maílson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria.

Em sua opinião, os Estados Unidos, a Europa e o Japão deverão levar um período mais longo para entrar nos eixos. Esse cenário é o oposto do que vive o Brasil, já que o mercado interno foi o principal responsável em manter a economia em movimento ao longo deste ano. “Isso, aliado à estabilidade macroeconômica que o País alcançou, como câmbio flutuante, Banco Central autônomo, ainda que não oficialmente; superávit primário, que eliminou o risco de calote, e uma situação externa favorável, com reservas de US$ 232 bilhões, quase quatro vezes o valor da dívida pública, é que fizeram com que o Brasil saísse rapidamente da crise e sem grandes perdas quando comparado com economias mais desenvolvidas”, disse Maílson, que prevê para 2009 um PIB sem crescimento e para 2010, de 4,8%.

Falta investimento – O economista Roberto Macedo, vice-presidente da ACSP, embora otimista com as perspectivas para o próximo ano, destacou que o resultado do PIB no segundo trimestre deste ano apontou para o fim da recessão, mas não da crise. “A recuperação que tivemos não foi suficiente para eliminar a perda verificada entre outubro do ano passado e o primeiro trimestre deste ano”, afirmou.

Para ele, a baixa taxa de investimento do País vai dificultar a retomada do crescimento. “Os resultados do segundo trimestre apontam para uma taxa de investimento de 15,7% do PIB, o que é muito baixo para um País em desenvolvimento. A China investe 40% de seu PIB e a Índia, 30%. Se o Brasil aplicasse 25%, volume semelhante da época do milagre econômico, conseguiria sanar a maioria de seus gargalos de infraestrutura e crescer acima dos 4,5% previstos para os próximos anos”, disse Macedo.