Notícias

Turbulência continuará em 2003

Guarulhos, 22 de agosto de 2002

As turbulências internas e externas que abalam a economia brasileira devem se perpetuar até o final do primeiro trimestre de 2003. Esse é o cenário que aguardará o próximo presidente do país, segundo análise do economista e cientista social Felipe de Holanda Macedo. “Até o final de março, início de abril, deve haver um cenário de incertezas”, prevê.

De acordo com Macedo, a atual conjuntura da economia do país, alvo de contínuos ataques especulativos, com forte reflexo no câmbio, não é fruto da atual circunstância eleitoral, mas resultado de um problema estrutural, de uma herança pesada deixada pelo atual governo.

O economista cita como exemplos dessa herança negativa a estratégia de estabilização da economia baseada na atração de recursos externos, cujo capital volátil poderia sair a qualquer momento em situações de crise. O Brasil teve três avisos: México, Tailândia e Rússia. Mesmo assim continuou adotando essa política.

Outro erro do governo foi adotar a política da manutenção do câmbio artificialmente valorizado. Entre 1994 e 1998, a taxa de juros reais oscilou em 20% ao ano para atrair dólar. No ano de 1999, houve a desvalorização, a taxa de juros reais caiu, mas permaneceu acima de 10%, muita alta se comparado a padrões internacionais.

O economista Felipe de Macedo prevê que o câmbio deve fechar o ano cotado a R$ 3,50, com volatilidade. Ou seja, é possível que possa atingir, nos próximos meses, o patamar de R$ 4,00 e depois recue. Felipe Macedo estima que a inflação deve chegar a 8% este ano (pelo índice do IPCA) e fechar 2003 a uma taxa de 15%, caso o governo não adote medidas de impacto que protejam a economia.