Tributos abocanham quase 20% dos salários em 2003
Os tributos passaram a pesar mais no bolso dos trabalhadores no ano passado. Levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que a carga tributária sobre os salários, bancada pelos empregados, teve aumento médio de 6% em relação a 2002, passando a representar 19,89%, um impacto negativo de 1,13 ponto percentual. O ataque do Fisco foi sobre salários mensais superiores a R$ 1,2 mil.
Com a parte que cabe aos empregadores – que manteve-se inalterada no ano passado, em 32,98% -, a carga total sobre os salários atingiu 42,15%, 0,44 ponto percentual maior em relação a 2002. Com este percentual, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de tributação, perdendo apenas para a Dinamarca, com 43,1%.
No ano passado, sobre um salário mensal de R$ 1,2 mil, por exemplo, R$ 544,50 ficaram com o Fisco. Desse total, R$ 153,30 saíram do bolso do trabalhador – 27% a mais em relação a 2002.
Segundo o presidente do IBPT e coordenador do estudo, Gilberto Luiz do Amaral, o aumento da tributação sobre os salários se deve ao congelamento da tabela do Imposto de Renda, mesmo com um aumento no salário mínimo (de R$ 200 para R$ 240), e à fixação do novo teto máximo de contribuição à Previdência Social, que passou de R$ 1.561,56 para R$ 1.869,34 a partir de junho do ano passado. “E a expectativa é de que a carga tributária cresça ainda mais em 2004”, alertou Amaral, que estima um aumento entre 7% e 8%.
Desoneração – Para o tributarista, mesmo com a prometida desoneração da folha de pagamento, com a redução da contribuição patronal ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), não haverá queda na carga tributária total para a indústria e o comércio. “O único beneficiado será o setor de serviços, com pesada folha de pagamento. O governo vai fazer de tudo para compensar as perdas”, diz.
Adriana David