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Tarifa de telefone subiu após privatização

Guarulhos, 29 de julho de 2002

O longo bate-papo no telefone é hábito do passado. Por causa de seu alto custo, as ligações agora são racionadas, mesmo sem o risco de colapso, como o de energia. Desde a privatização do setor de telefonia, em julho de 1998, as tarifas subiram 53,9%, bem acima da inflação acumulada de 30%, apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE. Nos oito anos do Plano Real, as tarifas telefônicas acumulam alta de 447,65%, sendo 257,4% anteriores à privatização.

O impacto maior para o consumidor está na variação do valor da assinatura básica. Passou de R$ 0,61, em julho de 1994, para R$ 26,58 este mês – uma alta de 4.356%, sendo 2.638% até 1998. Após a privatização, a grande vantagem para os usuários foi a queda violenta dos preços dos aparelhos. Há oito anos, variavam de R$ 1.300 a R$ 4 mil, no Rio, e eram considerados um investimento. Hoje saem por R$ 70. Para o usuário, os preços são altos e o serviço, precário.

– Os preços das tarifas eram reprimidos por tabelamentos e congelamentos até o Real. Depois foram se recuperando até a privatização – explicou a economista Eulina Nunes, gerente do Sistema do IPCA do IBGE.

Ela lembra que os preços livres subiam muito, alimentando a inflação. Após o Plano Real, alimentos, vestuário e serviços baixaram, com o acirramento concorrência e a queda da renda do consumidor.

O coordenador de pesquisas do Instituto Fecomércio, Paulo Bruck, admitiu que os aumentos no setor foram absurdos, principalmente até 1998. A alta foi estimulada para atrair investimentos externos: O setor precisava se preparar para a privatização.

O usuário ficou com o ônus dessa estratégia e hoje reclama do serviço e do racionamento forçado na ligações.