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Setor de autopeças sofre risco de desinvestimento

Guarulhos, 18 de março de 2002

O setor brasileiro de autopeças corre o risco de passar por um período de desinvestimento se os volumes de produção de veículos não forem incrementados nos próximos anos. A opinião é do presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori. “Nós, que estamos em contato com as grandes empresas, sentimos uma ameaça por parte dessas companhias de não mais investir no País”, comentou durante o seminário “Compras Automotivas: Estratégias para a Sobrevivência”, promovido pela Autodata, em São Paulo. Em sua opinião, este cenário é motivado pela “fraqueza” do mercado interno de veículos, responsável por uma capacidade ociosa entre 35% e 40% na indústria de autopeças e nas montadoras brasileiras.

Para o presidente do Sindipeças, o aumento da exportação de carros de pequeno porte, caminhões e ônibus é a principal saída para a ativação da capacidade instalada e para ampliar indiretamente as vendas externas do setor de autopeças. “O Brasil precisa aproveitar sua vocação para exportar veículos pequenos para mercados semelhantes ao nosso, como China, Índia, Paquistão e países do Oriente Médio e América Latina”, afirmou. “Essa exportação é uma questão de sobrevivência.”

Ele observou ainda que a ampliação das remessas de veículos brasileiros depende da vontade das matrizes das montadoras de definirem o papel do Brasil como base internacional de exportações. Outra medida importante seria a desoneração tributária dos produtos exportados. “Precisamos reduzir impostos como PIS, Cofins, ICMS e IPI em toda a cadeia do setor automotivo”, ressaltou.

Inspeção veicular

Como principal providência para ativar as vendas de veículos no mercado doméstico, Butori apontou a necessidade da implantação dos programas de rejuvenescimento da frota circulante e de inspeção veicular que, em sua avaliação, devem ser efetivados este ano.

No ano passado, o déficit do setor de autopeças foi de US$ 422 milhões, resultante de exportações de US$ 3,667 bilhões e de importações de US$ 4,089 bilhões. Para 2002, o Sindipeças prevê equilíbrio da balança comercial, com recuperação das vendas para os Estados Unidos – país que apresentou queda de 18% em 2001 -, e aumento das exportações para novos mercados.

Carla Franco