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Salgadinho de casa faz milagre

Guarulhos, 09 de maio de 2002

arteUma pequena empresa de salgadinhos da zona leste de São Paulo está assustando a gigante norte-americana Elma Chips, do grupo PepsiCo. A Comércio de Doces Lucky Ltda, fabricante das marcas Fofura e Torcida, que já disputa cabeça à cabeça a liderança do setor com a multinacional, parece ter um futuro promissor. A partir do ano que vem, quando a produção da Lucky duplicar, a companhia poderá crescer mais e deixar a Elma Chips comendo poeira. Hoje, a produção da Lucky é de 110 toneladas diárias de salgadinhos.

O primeiro abalo na liderança da Elma Chips, dona das marcas Doritos e Lays, ocorreu em outubro de 2000, quando a empresa se viu ameaçada pela Lucky, na época, a segunda maior produtora do Brasil. O contra-ataque da norte-americana foi a redução de preços em 40% e a construção de uma fábrica em Sete Lagoas (MG), de US$ 20 milhões, que garantiria menores custos.

Entretanto, a estratégia não vingou.

A meta da Elma Chips era triplicar o faturamento, mas nos onze meses em que foi colocado em prática, o plano garantiu apenas o dobro do faturamento. A variação cambial desfavoreceu a norte-americana na importação de matéria-prima. Com custos maiores, a Elma Chips foi obrigada a reajustar os preços em 12%, o que reduziu as vendas em 10%.

A Lucky vende desde pacotes de 100 gramas por R$ 0,60 – preço 40% inferior ao da concorrente – até embalagens de 20 gramas a R$ 0,15 no varejo.

Em 1999, a receita da brasileira aumentou 40%. No ano seguinte, quando a Elma Chips reduziu seus preços, a Lucky conseguiu elevar o faturamento em mais 35%. Em 2001, a Lucky deu mais um salto e cresceu mais 20%. A meta para este ano é elevar o faturamento em 30%.

De acordo com a empresa, as vendas só não são maiores por falta de produto e há caminhões sendo carregados 24 horas. Se o carregamento não for devidamente “casado”, a fábrica não dispõe de espaço para armazenar a produção.

Longe das dívidas

A Lucky não divulga seu faturamento, nem os investimentos planejados. Mas o lema de “nunca fazer dívidas” é mantido. A única vez que a empresa lançou mão de uma linha de crédito foi no ano passado, quando financiou R$ 1,5 milhão através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para compra de equipamentos das duas unidades. A máquina para embalar batatas custou R$ 450 mil e foi adquirida no mercado interno.

Até o próximo semestre, dois novos produtos serão lançados pela companhia:

batatas e salgadinhos sabor bacon que irão se associar às linhas de massa fritas de farinha de trigo e extrusados de milho da marca Fofura – que tem como foco o público infantil – e a marca Torcida – patrocinadora de times de futebol e divulgada nos intervalos de mesas redondas de futebol.

Uma pesquisa encomendada pela Elma Chips no início da década de 90 aponta que o mercado de salgadinhos é impulsionado pelas feiras livres e camelôs e esse segmento pode ser 2,5 vezes maior do que o comércio convencional, gerando R$ 2 bilhões.