Sabores e Valores do Natal
Embora estejamos vivendo uma das épocas mais brilhantes da história da humanidade, em termos de descobertas científicas e de invenções tecnológicas, precisamos estar atentos para que esses fatos, que aproximam as distâncias, não nos levem à “distanciar as proximidades”. Essas transformações derrubaram barreiras e ampliaram fronteiras, impactando o nosso cotidiano e transformando o nosso estilo de vida. A evolução deixou como herança um profundo abismo entre a ilha de ricos e o oceano de pobres.
Esta abordagem no final de ano, que é o período em que o espírito de solidariedade é mais abrangente, e envolvente, é oportuna para uma reflexão sobre a nossa caminhada pessoal, profissional e social. As organizações devem analisar, além da frieza dos números contábeis, qual foi o saldo do balanço social da sua trajetória. A fraternidade universal deve ser desenvolvida de forma incondicional, independentemente de raça, credo religioso ou condição social, pois além de atender as necessidades materiais, mínimas e dignas para a sobrevivência das pessoas, deve abranger todas as demais carências físicas e emocionais, que pelo seu aspecto democrático atingem homens e mulheres, pobres e ricos, brancos e negros, crianças e idosos. Educação e saúde, de excelente qualidade, representam o alicerce da promoção humana.
Movimento exemplar de grande destaque atualmente no mundo, é o que leva o nome de responsabilidade social, voluntariado ou Terceiro Setor. O marketing social, que abriga essa tendência, tem sido responsável pelo despertar da percepção das pessoas em partilhar o mais precioso tesouro da nossa era – o conhecimento – certidão de nascimento de cidadania.
Para que os “sabores” do Natal deixem de ser efêmeros e passem a agregar valores ao nosso relacionamento inter-pessoal, basta observarmos o que a natureza insiste em nos mostrar. Segue um modelo semelhante ao genuíno sentimento natalino. Quando um ganso bate as asas, cria uma área de sustentação para a ave que voa logo atrás. Voando em formação em V, todos do bando tem um desempenho 71% melhor do que teriam se voassem separados. Pessoas que compartilham dons, competências e habilidades podem atingir suas metas mais rápido e facilmente. Sempre que um ganso sai da formação, sente subitamente a resistência do ar ao tentar voar sozinho. Rapidamente, volta para a formação, aproveitando o movimento da ave imediatamente à sua frente.
Se tivermos o mesmo comportamento dos gansos, permaneceremos em formação com aqueles que comungam com os nossos princípios e nos disporemos a aceitar a sua ajuda, assim como prestar a nossa colaboração aos outros. Quando um ganso líder se cansa, ele passa para trás e imediatamente outro assume o seu lugar, voando para a posição da ponta. É preciso sistematizar o revezamento das tarefas pesadas e dividir a liderança. As pessoas, assim como os gansos, são dependentes umas das outras.
Os gansos de trás, na formação, grasnam para motivar os da frente e aumentar a velocidade. Incentivos e estímulos são indispensáveis quando queremos manter ou melhorar a qualidade e o ritmo dos trabalhos em equipe. Quando um ganso fica doente e fraco ou é abatido, dois gansos saem da formação V e seguem-no para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até que ele esteja apto para voar, ou até que acabe morrendo. Só assim, eles voltam ao procedimento normal, com outra formação ou vão atrás de outro bando. Se nós tivermos a solidariedade que os gansos demonstram, também estaremos ao lado de pessoas que estão vivendo momentos difíceis.
Concluímos que, através do comportamento dos gansos, a natureza tem sido incansável em sinalizar que – amar o próximo como a ti mesmo – é o único caminho que poderá conduzir os povos à tão sonhada “terra prometida” – Paz mundial.
* Faustino Vicente – Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos
faustino.vicente@terra.com.br