Pré-datado domina cheques sem fundo
Na cidade de São Paulo, o popular cheque pré-datado, invenção brasileira de prática largamente generalizada, foi o responsável por 90% dos cheques sem fundos emitidos pelos entrevistados de pesquisa realizada pela Associação Comercial de São Paulo em junho. O levantamento, feito com 210 consumidores inadimplentes, revela que os emitentes de cheques sem fundo costumam ser “reincidentes”: a média de cheques irregulares por pessoa é de 10,8. A maior parte dos entrevistados (71%) disse que também estava inadimplente no cadastro do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Desses, 62% deles passaram o cheque sem fundo depois de terem seus nomes incluídos no SCPC.
Motivos – O desemprego continua sendo apontado como a principal causa da emissão de cheques sem fundos: 43% dos entrevistados deram essa justificativa para a inadimplência. Mas o porcentual aumentou em relação à pesquisa anterior. No último levantamento, divulgado em março, o desemprego teve 37% das respostas. Em setembro de 2001, o nível estava em 28%. A pesquisa é feita trimestralmente. Em junho, o segundo motivo apontado para a inadimplência foi o descontrole dos gastos (15%), seguido pela queda de renda, no caso de profissionais autônomos (10%), e doença em família (6%). Pelo levantamento, as roupas e os calçados representaram 17% das respostas dos produtos que mais foram comprados com cheque e que geraram a emissão do cheque sem fundo.
Minimizar prejuízos– O presidente da Associação Comercial, Alencar Burti, lembra da importância do varejo em adotar cautelas para o recebimento de cheque visando minimizar os prejuízos com relação aos cheques sem fundos. “Quando o cheque é pré-datado, ocorre uma transação financiada que exige maior rigor na análise para a concessão do crédito. Basta verificar que 62% dos emitentes deram cheques sem fundos quando já estavam negativos no SCPC”, disse. A preocupação da Associação com a questão dos cheques sem fundos é grande. Por conta disso, cada vez mais tem aprimorado seus serviços visando garantir maior segurança nas transações. Um exemplo é o serviço UseCheque da entidade, que permite uma série de cruzamentos de informações utilizando como base de dados o maior cadastro de informações comerciais sobre pessoas físicas e jurídicas da América Latina, que visa evitar a fraude com cheques. Burti ressaltou que, para dificultar a ação não apenas de marginais, que se utilizam de cheques roubados, como a dos contumazes passadores de cheques sem fundos, a entidade vem mantendo constantes contatos com o Banco Central com o objetivo de que sejam baixadas normas mais rígidas para a concessão de talões de cheques, além de oferecer outras sugestões para aumentar a segurança desse meio de pagamento.