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Planos de saúde querem reajuste de 15%

Guarulhos, 29 de abril de 2002

As mensalidades da maioria dos planos de saúde deverão ser reajustadas em maio. Segundo os cálculos apresentados ao governo pela Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), o setor necessita de um reajuste médio de 15% para cobrir a alta dos custos desde o ano passado. O índice será decidido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que estuda as planilhas já enviadas pelas empresas e também as pesquisas dos institutos de inflação.

A taxa acumulada nos últimos 12 meses é de 7,78% pelo IPCA-15 de abril, medido pelo IBGE, e de 9,40% pelo IGP-M até março, calculado pela FGV. Mas, segundo fontes, a decisão sobre o percentual poderá levar em conta os reajustes aplicados por planos coletivos (feitos por empresas).

– As empresas que têm contratos com data de aniversário em maio estão numa expectativa angustiante. É o único setor que tem reajustes controlados – reclamou Sérgio Vieira, presidente da Abramge-RJ.

O índice de 15% seria necessário, segundo ele, para cobrir, principalmente, os reajustes pleiteados por médicos, laboratórios e hospitais, que reclamam de defasagens.

Segundo Vieira, o aumento compensaria também os novos impostos, INSS e a provisão técnica. Ele explicou que o índice de 15% não inclui o atendimento atípico enfrentado pelas empresas, com a epidemia de dengue. Os cálculos mostram que, apenas no período de dezembro a fevereiro, os custos para tratamento da doença subiram cerca de 40%, índice que, diluído por um ano, poderia justificar um reajuste de 10% para compensar as despesas.

O presidente da Unimed, Celso Barros, confirmou que a dengue teve um impacto forte, por isto as empresas pediram à ANS que seja adotado um critério especial e não o que foi concedido ano passado, baseado nos reajustes aplicados pelos planos coletivos.

– As regras do governo seguram os preços e são positivas para o cliente. Mas vêm desequilibrando as empresas.

Prejuízos – A assessoria da ANS informou que o aumento dos custos das operadoras de saúde por conta da dengue não será contabilizado no cálculo do reajuste. De acordo com a agência, ao registrarem os planos, as empresas incluem nas planilhas de custos uma taxa de risco. Por meio dela já está previsto o crescimento da sinistralidade em situações atípicas, a exemplo do que ocorreu no Rio de Janeiro por conta da dengue.

Em maio do ano passado, a ANS permitiu que as empresas reajustassem suas mensalidades em, no máximo, 8,71%. No ano anterior, o percentual de aumento foi de 5,42%.

Ledice Araújo e Mirelle de França