Petróleo cai, mas gasolina sobe pela quarta vez no ano
Os preços dos combustíveis no Brasil após a liberação do mercado, em janeiro deste ano, estão de dar um nó na cabeça dos consumidores. Com a revisão pelo governo do Estado do Rio do preço-base da gasolina para o recolhimento da alíquota de 30% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – que subiu ontem de R$ 1,62 para R$ 1,699 -, o consumidor fluminense deverá começar a pagar mais caro pelo combustível ainda esta semana, pois o custo maior com o tributo será repassado para as bombas. Esse aumento se somará aos três reajustes da gasolina decretados pela Petrobras desde o início de março.
O último aumento ocorreu no dia 6, quando a Petrobras reajustou o preço nas refinarias em 10,08%. Só que, desde o início do mês, o preço do barril de petróleo do tipo Brent no mercado internacional recuou 6,47%, enquanto a gasolina do Golfo do México, no mercado americano, caiu 9,21%. Ambos são os parâmetros mais usados pela estatal para calcular. Outra referência é a cotação do dólar no Brasil, que avançou 2,74% no mesmo período. Outros fatores favoráveis à queda dos preços foram a melhora do cenário no Oriente Médio e o fim da instabilidade provocada pelo malfadado golpe na Venezuela.
Repasse – Apesar da expectativa de aumento, o Jornal do Brasil percorreu 18 postos da Zona Norte e Zona Sul do Rio e nenhum deles havia reajustado o preço do combustível. Os donos dos postos disseram que estão esperando a decisão das distribuidoras para reavaliarem o preço. “Ainda não posso adiantar qual será o percentual de aumento. Mas não há como não reajustar”, adiantou o dono do posto Pônei, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Alberto de Jesus.
“Encho o tanque em um dia e no outro já encontro outro preço”, reclamou o estatístico Alarico de Oliveira Souto Neto, 50 anos, que gasta cerca de R$ 300 por mês abastecendo o tanque. Em função dos reajustes, alguns consumidores chegaram a aposentar o uso do carro durante a semana. É o caso do radialista Eduardo Homem de Carvalho, de 45 anos, que passou a usar o Metrô, em lugar de seu Mercedes Classe A. “Não tenho condições de sustentar esses aumentos do governo. No fim, nós é que pagamos a conta”.
Teste para o mercado – Rápida na hora de aumentar seus preços usando como explicação esse mecanismo, a Petrobras não age da mesma forma quando os parâmetros indicam que deveria haver uma redução. O consultor Jean Paul Prates, da Expetro, acredita que o preço da gasolina nas refinarias poderia cair entre 3% e 5%. “Acredito que na próxima semana pode haver um ajuste no preço da gasolina para baixo”, prevê.
Na opinião do consultor, com o atual cenário de recuo do preço do barril do petróleo no mercado internacional, essa seria uma boa oportunidade para a Petrobras mostrar que o efeito da liberação das importações sobre o preço doméstico da gasolina “é para cima e para baixo”.
Prates destaca que o momento é propício para testar o mercado aberto pois, quando o preço da gasolina no país é menor do que lá fora, empresas podem comprar o combustível aqui para vendê-lo com lucro no exterior. Por outro lado, quando o preço doméstico da gasolina é superior ao praticado no exterior, o movimento pode ser inverso. “Se isso ainda não foi feito é porque o preço não compensou”, disse.