Otimismo para o Dia das Mães
Intenção de compra continua em expansão
O Dia das Mães ainda está longe, mas o comércio pode ficar otimista com as perspectivas de vendas. Isto porque a maior parte dos consumidores paulistanos pretende comprar bens duráveis no próximo trimestre. Segundo a Pesquisa Expectativa de Consumo – abril a junho de 2005, do Programa de Administração de Varejo (Provar-USP), 68,2% dos 500 entrevistados pretendem comprar, até junho, algum dos 10 itens pesquisados pelo instituto.
A campeã dos desejos é a linha branca (fogão, geladeira, máquina de lavar roupa, etc) com 13% das preferências. No mesmo período do ano passado, o percentual dos que pretendiam adquirir bens duráveis não passava de 45,1%. No primeiro trimestre deste ano, a intenção era 59,2%.
Além dos tradicionais eletrodomésticos, as mamães deverão ganhar produtos de cama, mesa e banho, que estão na intenção de gasto de 11,4% dos entrevistados. Empatados com 9,2% das intenções apareceram na pesquisa os móveis, materiais de construção e telefonia, principalmente celulares. Também empataram os itens eletroeletrônicos e informática, com 8,6% das intenções de compra, seguidos por automóveis, com 5,6%, autopeças e acessórios, com 3,4% e foto e ótica com 3%.
“O que impulsiona essa atitude, além do Dia das Mães, é o fato de que, nesse período, a maioria das pessoas já quitou as dívidas do final de ano”, explica o professor Cláudio Felisoni de Ângelo, coordenador do Provar.
O motoboy Adelino Leandro, por exemplo, diz que pretende comprar uma televisão nova para sua casa em breve, mas não sabe se será possível. “Vai depender de como estarei financeiramente mês que vem ou no outro”, afirma.
As intenções de compra dos entrevistados são boas, mas isso não significa que elas efetivamente serão realizadas. De acordo com outro coordenador da pesquisa, professor Luiz Paulo Lopes Favero, muitas vezes o desejo não se concretiza porque, chegada a época do presente para si ou para os outros, o consumidor percebe que não terá o dinheiro.
Gastos – De qualquer forma, a pesquisa do Provar dá sinais de como serão os gastos dos consumidores se a situação econômica da maioria não mudar.
Na linha branca, a faixa de intenção de gasto, segundo o Provar, oscila entre R$ 200 e R$ 2,6 mil, sendo que 81% dos entrevistados parcelarão a compra se a fizerem. Em cama, mesa e banho, a disposição de gasto situa-se entre R$ 100 e R$ 1 mil, também quitados parceladamente para 66,7% dos que pretendem adquirir esses bens. “Sem as linhas de crédito, com certeza as intenções seriam bem menores”, explica o professor Favero.
O motoboy Leandro, por exemplo, não calcula se poderá ou não comprar a televisão que deseja pelo custo final, mas pelo valor das prestações. “Se der para pagar uma, consigo pagar todas”, raciocina.
O próprio economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Emílio Alfieri, confirma que é o valor da parcela mensal o principal item no cálculo feito pelos consumidores na hora de adquirir um bem durável.
Alternativas – A despeito do contínuo aumento da taxa básica de juros (Selic), que tradicionalmente impacta negativamente na expectativa do consumidor, Favero explica que o varejo tem criado alternativas para driblar os juros. Ele cita como exemplo o alongamento de prazos de pagamento. “Desta forma, os consumidores continuam otimistas e com altas expectativas de presentear suas mães”, afirma o professor.
Do total dos entrevistados pelo Provar, 68% tem renda até R$ 2 mil; 31% até R$ 5,9 mil e, acima desse valor, apenas 1% dos entrevistados.
Fernanda Pressinott