O Maior Espetáculo da Terra
A Grécia, berço da filosofia e da democracia do ocidente, tem sido manchete de primeira página em todos os meios de comunicação do mundo, por sediar a primeira olimpíada do século vinte e um e 28ª edição de sua história. Criada pelos gregos no ano 776 a.C., na cidade de Olímpia, ela foi interrompida no ano 393 d.C., por decreto do imperador romano Teodósio. O barão Pierre de Coubertin reativou-a em 1896, em Atenas, transformando-a no maior espetáculo da terra.
Além das provas esportivas, haverá um desfile de valores e cores, usos e costumes, religiões e profissões, raças e classes sociais, ritmos e idiomas e das mais refinadas estratégias e táticas organizacionais. Através do processo de associação de idéias, as olimpíadas se constituem na mais representativa manifestação cultural da espécie humana. Os avanços da medicina esportiva, as descobertas científicas e as inovações tecnológicas produzirão efeitos especiais em mais um lance da arquitetura da Paz entre os povos. Como exemplo, citamos a evolução dos meios de transmissão dos jogos olimpícos da era moderna: Atenas (1896) telégrafo, Paris (1924) rádio, Berlim (1936) cinema, Helsinque (1952) placares eletrônicos, Roma (1960) televisão e telex, Tóquio (1964) cronômetros eletrônicos e células fotoelétricas, Munique (1972) transmissões de TV via satélite e em cores, Seul (1988) fax, Atlanta (1996) telefone celular e em Sydney 2000) pela Internet.
A performance dos dez mil e quinhentos atletas, de 201 países, deverá ser vista por cerca de quatro bilhões de espectadores, ou seja, dois terços da população mundial. Entre as dezenas de modalidades encontramos no vôlei o exemplo mais expressivo de espírito equipe, que nos leva a refletir sobre a necessidade de abandonarmos a gestão solitária e praticarmos a gestão solidária. Se concordarmos que “os movimentos realizados em conjunto pelos jogadores são chamados de táticas”, concluíremos que é o vôlei que pratica esse princípio de gestão com maior intensidade. A maioria dos pontos é resultado da logística dos três toques.
Das provas de atletismo – o mais nobre esporte da olimpíada – em que os atletas participam tendo ao lado os seus adversários, destacamos a corrida de revezamento (4×100) com bastão. Desta modalidade tiramos a lição de que as perdas, em geral, residem na “passagem do bastão” entre os vários departamentos, principalmente por falhas de comunicação – o calcanhar-de-aquiles das empresas. Uma das mais fascinantes provas é a corrida dos cem metros rasos, que faz o mundo conhecer o filho do vento – o homem mais veloz da terra. Ele treina, exaustivamente, durante quatro anos, para vencer uma prova em menos de dez segundos. Esta é a evidência de que aperfeiçoamento continuado agrega valor.
Sobre as modalidades em que as apresentações são isoladas, como o salto triplo, revelamos a resposta que um atleta deu à repórter, quando perguntado sobre quem será o seu maior adversário em Atenas. A resposta veio como uma flecha: “Eu mesmo. Tenho que superar a mim mesmo. Sou o meu único adversário.” Assim cada um de nós deve encarar a vida – a nossa limitação encontra-se em nossa mente. Para conseguir a superação alguns entendem que a palavra chave é determinação, outros o pensamento positivo e, para muitos, o segredo é a Fé.
Todos os esportistas que estarão em Atenas são tecnicamente exemplares, mas somente os excepcionais gravarão com letras de ouro os seus nomes na história, provavelmente por um detalhe – o equilíbrio emocional. Na “olimpíada da vida” uma carreira bem-sucedida pode estar numa pequena diferença, por exemplo, o aprendizado continuado. Como homenagem à Grécia de todos os tempos encerramos com a frase do filósofo Aristóteles (384-322) a.C – “Só fazemos melhor aquilo que repetidamente insistimos em melhorar. A busca da excelência não deve ser um objetivo. E, sim, um hábito”.
*Faustino Vicente
Consultor de Empresas
faustino.vicente@uol.com.br