Notícias

O consumo em forte expansão

Guarulhos, 21 de agosto de 2008

Impulsionado pela expansão do crédito, o mercado de consumo nacional deve passar de R$ 1,41 trilhão no ano passado para R$ 3,3 trilhões em 2030. Assim, o Brasil se tornará o quinto maior mercado consumidor, só perdendo para Estados Unidos, China, Índia e Japão. Para este futuro ainda distante, o Produto Interno Bruto (PIB) é estimado em US$ 2,4 trilhões, ou R$ 3,912 trilhões, levando-se em conta o câmbio de ontem, de R$ 1,63. Em 2007, foi de US$ 963 bilhões. A previsão, divulgada ontem pela Ernest & Young, leva a chancela da área de projetos da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Para projetar o futuro da economia brasileira, os autores do trabalho compilaram dados de 2007 e outras informações, como investimentos futuros em energia, manutenção da política monetária e até a geração de renda trazida pela Copa do Mundo de 2014. Se não ocorrerem turbulências inesperadas, a análise prevê um crescimento constante e equilibrado de 4,6% ao ano, ante a média de 2,8% registrada entre 1990 e 2007.

Essa expansão econômica deve mudar a configuração da pirâmide social e, conseqüentemente, o comportamento de consumo dos brasileiros. De acordo com o pesquisador da FGV Projetos, Fernando Garcia, a classe E, com renda até R$ 1 mil, será drasticamente reduzida: em 2007, esse segmento social representava 18,8% da população. Em 2030, passará a 6,5% do total. A classe D, com ganhos entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, por sua vez, passará de 22,1% para 15%. E a maioria dos consumidores, com renda entre R$ 2 mil e R$ 16 mil, englobados nas classes C, B e A, responderão por um consumo de R$ 2,64 trilhões em 2030, ante os R$ 800,4 bilhões de 2007.

No mapa de oportunidades para as empresas, observa-se que os gastos de R$ 323,4 bilhões com habitação, em 2007, passarão a R$ 829,2 bilhões em 2030, com crescimento médio anual de 4,2%. O maior percentual de expansão será o de higiene pessoal, com 4,8% ao ano, passando de R$ 16 bilhões para R$ 47,6 bilhões. “Esse fenômeno já é identificado hoje pelo setor”, disse Garcia.

Outros gastos devem aumentar expressivamente até 2030, como educação e cultura (4,3%), saúde (4,4%) e serviços financeiros (4,4%). “Também deve crescer o setor de alimentação fora de casa”, diz o pesquisador da FGV. Nesse caso, o volume de despesas com hotéis e restaurantes deverá passar de R$ 80,1 bilhões para R$ 180,1 bilhões.

As empresas também devem investir pesado para permanecer no mercado. A Ernst & Young definiu os dez maiores riscos estratégicos para os negócios. O primeiro e fundamental, de acordo com Sergio Citeroni, sócio da consultoria, é a falta de desenvolvimento de novos produtos e aplicação das inovações. “É preciso tomar cuidado com as alianças estratégicas, com a administração de marcas próprias, com as ameaças legais e marcos regulatórios, e com a definição de estratégias apropriadas aos mercados emergentes”, disse Citeroni.