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O compromisso social é obrigação

Guarulhos, 26 de julho de 2004

As entidades de classes e órgãos públicos que não atuam para melhorar a vida das pessoas devem ser fechados. A sugestão partiu do vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo e presidente da Rede Brasileira de Entidades Assistenciais Filantrópicas, Rogério Amato, e manifestada aos participantes do XIV Congresso Brasileiro da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), realizado em Curitiba e encerrado na sexta-feira, 23. A proposta recebeu os aplausos das quase 200 pessoas que participavam da discussão da mesa redonda abordando o tema “A empresa brasileira e sua responsabilidade social”.
Participaram do encontro a coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, o presidente da UniEthos, Ricardo Young, e Gilda Pessoa, superintendente de responsabilidade civil da CACB.

Obrigação – Amato considera que, em função da desigualdade social no Brasil, é obrigação das entidades ocupar os espaços sociais e auxiliar no crescimento das pessoas. Para ele, as instituições que nada fazem estão tirando o dinheiro da população carente. Amato ressalta que o desequilíbrio social no Brasil é muito grande e cita como base pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a qual revela que 50% da população vive com 10% da riqueza brasileira. Para o dirigente da Rebraf, é preciso uma ação conjunta das pessoas. Na sua avaliação, apenas uma rede de ações focada para um mesmo objetivo pode mudar o cenário. “Temos que ter objetivos definidos e evitar desperdícios, fazendo coisas já feitas”.

Transformações – Este mesmo conceito é defendido pelo presidente do UniEthos, Ricardo Young. Para ele, toda a sociedade deve estar engajada em um movimento de transformações. “Estas mudanças são defendidas pela ONU, pelo Global Compact, que reúne os Oitos Objetivos do Milênio , que buscam acabar com desigualdades, como a mortalidade infantil e o fim da miséria”, disse Young.

Uma ação neste sentido é o trabalho da Pastoral da Criança. A coordenadora da entidade, ligada a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, conta que hoje o foco da entidade busca atingir três objetivos: fim da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência.

Atualmente, a Pastoral atende 1,815 milhão de crianças, em 3.757 municípios brasileiros. “O segredo do nosso sucesso é que temos objetivo definido, sistema de informação e capacitação pessoal”, diz. Ela acrescenta que é possível reverter o quadro da desigualdade brasileira com projetos simples, com baixo custos e de grandes resultados.

Israel Reinstein