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Microindústrias produzem composto para cortar custo

Guarulhos, 23 de julho de 2002

O composteiro, um dos principais intermediários da cadeia produtiva do policloreto de vinila (PVC), está sendo excluído por pequenos e médios fabricantes de produtos finais.

Fabricar o seu próprio composto de PVC foi a solução encontrada por muitas empresas para reduzir a pressão da alta de custos enfrentada por todo o setor de resinas termoplásticas desde o início deste ano.

O composto de PVC é uma mistura química que envolve a resina de policloreto de vinila, plastificantes e estabilizantes térmicos, entre outros produtos. É utilizado como matéria-prima de mais de três mil indústrias diferentes, que produzem deste embalagens, até produtos para a construção civil.

A microindústria Aflex, fabricante de mangueiras de PVC, está entre as que optaram por produzir o composto para consumo próprio. “De março para cá, o valor do composto já subiu cerca de 43%. Quando utilizo o meu próprio composto, obtenho uma economia de pelo menos 15%”, afirma Ademar Dias Baeta Filho, gerente geral da Aflex.

De acordo com Baeta Filho, a empresa começou a fabricar o composto no mês passado. “Minhas opções eram ou produzir o composto ou deixar máquinas paradas”, diz.

Para Gilberto Matua, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Dacarto Benvic, outra indústria composteira, essa situação é apenas passageira, já que uma pequena indústria só conseguiria uma economia real, se produzisse o composto em larga escala. “A produção em pequena quantidade, apenas para consumo próprio, não é rentável”, diz Matua.

A mesma afirmação é feita pelo assistente técnico do Instituto do PVC, Miguel Bahiense Neto. Para ele, o grande agravante é o fato de que para produzir o composto, seja para qualquer fim, o empresário é obrigado a adquirir, no mínimo, produtos de cinco fornecedores diferentes. “Mesmo que ele obtenha uma redução de custos, ela pode não compensar os problemas que uma opção como esta pode trazer, como a preocupação com a logística, por exemplo”, afirma Bahiense Neto.

O técnico do instituto lamenta a exclusão dos composteiros por parte de determinadas empresas. “O composteiro é um fator extremamente necessário dentro da cadeia produtiva do plástico.”

Cadeia produtiva

O preço das resinas termoplásticas já subiu em média 12% desde o início do ano, segundo o Sindicato da Indústria de Resinas Sintéticas no Estado de São Paulo (Siresp). Isso está onerando toda a cadeia produtiva do plástico que inclui composteiros e as indústrias transformadoras de PVC.

Crislaine Coscarelli