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Mercado tenso com denúncia de propina

Guarulhos, 07 de maio de 2002

Foi um dia agitado no mercado financeiro, que reagiu mal à denúncia de pedido de propina quando da privatização da Vale do Rio Doce. Como a acusação envolve figuras ligadas ao governo e pode tumultuar a candidatura do senador tucano José Serra à Presidência da República, os investidores ficaram ainda mais cautelosos. No decorrer do dia, o dólar chegou a subir acima de 1%, mas houve uma acomodação e a moeda norte-americana fechou com alta de 0,49% sobre a véspera. A Bovespa, que no pior momento do dia teve queda de 2,68%, encerrou em baixa de 1,42%.

Inquérito – Ontem, a ministra-chefe da Corregedoria Geral da União, Anadyr de Mendonça Rodrigues, determinou a instauração de inquérito para apuração dos fatos envolvendo o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira (que atuou como tesoureiro em duas campanhas eleitorais de José Serra) na venda da Vale do Rio Doce. E o Ministério Público Federal solicitou à Receita uma devassa fiscal em quatro empresas que pertenceriam a Ricardo Sérgio. Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência, defendeu a abertura de uma CPI sobre os fatos envolvendo o ex-presidente do BB, levantadas no fim de semana pela revista Veja. O presidente Fernando Henrique considerou “o caso requentado” e fruto de “rumores sem maior conteúdo”. Apesar disso, ele não deixou de passar um pito no ministro da Educação, Paulo Renato Souza, que admitiu ter conhecimento da denúncia há mais tempo. “Não gosto de coisas desse tipo. Isso sempre leva às manchetes e o principal desaparece diante do secundário”, afirmou ele.

Filtragem – O presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, disse ontem que os reflexos das acusações de propina sobre o mercado financeiro devem se diluir a curto prazo. Segundo Burti, apesar do fato negativo de o Brasil continuar exposto a acontecimentos dessa ordem, existe uma face positiva: a divulgação dos mesmos representa uma filtragem, importante para prevenir atos futuros.