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Melhorar fluxo do caixa é saída para driblar efeitos da taxa cara

Guarulhos, 20 de fevereiro de 2003

arteO “olho do dono” precisa ficar mais afiado nos próximos meses, de preferência com atenção voltada para o caixa de sua empresa. O empreendedor pode tomar uma série de medidas práticas para combater o quadro de enxugamento e encarecimento do crédito, consequência das medidas do Banco Central na política monetária.

“O empresário pode lutar em duas frentes”, pondera Marco Aurélio Bedê, gerente de Pesquisas do Sebrae-SP, órgão de apoio às micros e pequenas empresas. “Primeiro, buscar financiamento fora do sistema financeiro”.

Ele garante que essa estratégia passa longe da agiotagem. O remédio está dentro do próprio empreendimento e significa melhorar o fluxo de caixa. “É preciso sincronizar melhor o cronograma de pagamentos e recebimentos”, explica Marco Bedê.

Outro conselho importante: substituir insumos cotados em dólar e a racionalização no uso de energia elétrica, no campo do gerenciamento de custos. Vale também negociar melhores prazos com os fornecedores, de modo a estender os prazos para liquidar as contas pendentes. “Somente com essas medidas, o empresário vai poder melhorar o fluxo de financiamento da empresa”. O objetivo final é que o empresário mantenha recursos próprios para o giro do dia-a-dia e não precise apelar aos bancos. Essa, aliás, é a “segunda frente de batalha”. Agora, é importante “tomar o mínimo possível de empréstimos no sistema financeiro”, pontua o gerente do Sebrae-SP. Especialistas são unânimes em afirmar que o aumento da taxa Selic fatalmente será repassado para o consumidor no custo dos empréstimos. Quando for aos bancos, o empreendedor deve tomar os recursos estritos para sua necessidade de caixa, já sabendo que vai pagar mais caro. A recomendação se torna mais importante à medida que a economia anda em ritmo lento, algo agravado pelo incremento da taxa Selic.

O faturamento das micros e pequenas deve ser prejudicado. Antes do ajuste nos juros, Bedê projetava ao menos um aumento próximo à inflação, o que já não pode acontecer.

O aperto no crédito pode ser enfrentado com recursos da própria empresa, buscando melhores prazos de pagamento.

Epaminondas Neto