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Juro é menor para clientes de baixo risco

Guarulhos, 26 de março de 2002

Se você é do tipo de consumidor que usa pouco o crédito rotativo, a linha de financiamento do cartão de crédito, confira com o administrador do seu plástico se ele oferece juros menores para clientes de baixo risco.

As grandes administradoras de cartões já trabalham com taxas diferenciadas para esse tipo de usuário e algumas até reduziram o percentual de pagamento mínimo da fatura mensal.

Enquanto o juro médio do rotativo está em 10,47% ao mês, segundo pesquisa mensal de fevereiro da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), algumas administradoras chegam a oferecer taxas de 3,50%, 5% ou 7% ao mês.

Já o pagamento mínimo exigido – até recentemente nivelado em 20% – hoje chega a 10% ou 15% do valor da fatura mensal.

Tais “afagos” são uma tentativa de atrair a fidelidade dos consumidores com menor probabilidade de inadimplência. Nos últimos dois anos aumentou o risco na concessão de crédito e as empresas estão tentando se proteger.

Pesquisa realizada pela Visa no ano passado com todas as marcas de cartões mostra que o percentual de consumidores que faz uso do rotativo saltou para 42%, contra 29% em 2000.

Ao mesmo tempo, a base de clientes desse tipo de produto está estagnada. No ano passado, 46% dos entrevistados pela Visa possuíam cartão de crédito, um ponto percentual a menos do que no ano anterior. “É mais difícil conceder crédito, pois há três anos a economia não apresenta crescimento significativo”, diz Gastão Mattos, vice-presidente de marketing da Visa do Brasil.

Os cartões de crédito também estão enfrentando a concorrência dos plásticos de débito, que já são usados por 52% dos consumidores entre 18 e 64 anos. “O cartão de débito não tem risco para o emissor e o estabelecimento comercial”, diz Mattos.

Com o mercado estagnado, as administradoras de cartões depararam-se, ainda, com a piora do risco. “De 2000 para cá cresceu 5% o risco”, diz Sérgio Badhur, vice-presidente de gerenciamento de risco da Credicard. A causa da deterioração foi o encolhimento da renda média da população.

Por isso, nos últimos anos, a Credicard dedicou-se a cultivar os clientes que usam pouco o rotativo. “Cada pessoa tem um perfil de risco baseado no seu histórico de relacionamento com a administradora do cartão. Se a probabilidade de inadimplência é baixa, não tem sentido cobrar mais desse cliente”, diz Badhur.

As taxas de juros do rotativo da Credicard começam em 3,5% ao mês e independem da renda do cliente. Uma análise do comportamento do usuário é que vai definir os juros e o pagamento mínimo da fatura mensal exigido.

Hoje, 10% a 15% da carteira de 8,3 milhões de plásticos emitidos pela empresa têm uma exigência de pagamento mínimo inferior a 20% da fatura mensal. “Há várias faixas de pagamento mínimo, que começa com 10% do valor da fatura. Quanto mais baixo o juro, menor o pagamento mínimo”, acrescenta Badhur.

A estagnação do mercado e o aumento do risco estimulou a competição entre as empresas de cartões. A Amex (American Express), por exemplo, oferece aos clientes “top” um cartão que não inclui o financiamento (rotativo) e deve ter as faturas pagas à vista.

Já o segmento Credit, que inclui o rotativo, declarou guerra à concorrência “comprando” o saldo dos clientes de outras marcas de cartão e oferecendo juro de 5,05% ao mês no rotativo.

SANDRA BALBI